sexta-feira, 12 de abril de 2013

Se você quiser

"Não sou esta mulher que chama a atenção na rua. Mas se você quiser, posso ser.

Não visto roupas provocantes, não faço cabeças girarem para me sentir olhada. Não sou assim... mas se você quiser, posso ser.

Não sou quieta, não contenho muito bem as palavras. Não sou muito paciente. Mas se você quiser, posso ser.

Não gosto de novela, não creio em príncipe encantado, não sou princesa de ninguém. Mas se você quiser, posso ser.

Não sou uma sonhadora tradicional. Sonho com o banal. Não sei se posso ser parte dos seus sonhos. 
Mas se você quiser, posso ser.

Não sei muito sobre me dedicar a uma coisa só. Nem sei se tenho esse talento, se será difícil ser dedicada assim. 
Mas se você quiser, posso ser.

Não vou a lugares que não quero, não gosto de quem não merece, não sou muito tolerante... Mas se você quiser, posso ser.

Nunca fui o que não quis. Nunca tentei ser diferente. Sou apenas o que sou. Mas se você quiser que eu seja mais, posso ser.

Para me ter você precisa apenas querer. Posso ser o que você quiser. Você precisa apenas me dizer – posso ser?

Eu poderia ser qualquer coisa. Inclusive o que você quer. Então apenas me diga se um dia você quiser.
"


Texto lindo da Mona, do blog Mais Coisas Além das Outras

terça-feira, 2 de abril de 2013

We gotta wake up slow

Outro dia, eu tava ouvindo música no Deezer e bateu vontade de Jack Johnson.
Deixei o disco "In Between Dreams" tocando e fui ler, ver besteira na internet, essas coisas. Até começar "Banana Pancakes".

Barulhinho de chuva...
"Can't you see that it's just raining...There ain't no need to go outside..."
Já imaginei uma daquelas manhãs chuvosas, em que a vontade/coragem de levantar cedo pra ir trabalhar é ZERO. "Trens circulando com velocidade reduzida e maior tempo de parada entre as estações", muita gente, pouca paciência. Sair da cama é a última coisa que você quer, ainda mais com ele(a) ali com você, pedindo pra você ficar.

Sabotagem em forma de carinhos, beijos e café na cama.

A gente faz de conta que é fim de semana pelo tempo que a gente quiser. Fecha as cortinas e faz de conta que não tem mundo lá fora, pelo tempo que a gente quiser.

"Rain all day and I don't mind".

Quando o comum é o contrário, é gente cobrando que você seja forte, que encare, que saia da cama e vá trabalhar, ter alguém dizendo que não, não precisa, tá chovendo, "we gotta wake up slow", é ouro. Não é fugir de responsabilidades, não é se acovardar diante das dificuldades da vida. É se deixar mimar, é dar só um toque no botãozinho de "foda-se", se desligar do mundo por um dia na companhia de quem te faz bem, com algumas guloseimas e barulho de chuva.

"It's just so easy
When the whole world fits inside of your arms
Do we really need to pay attention to the alarm"

Não dar a mínima porque o mundo inteiro cabe nos seus braços. Edredons, ele(a), algumas gordolices matinais e "we got everything we need right here and everything we need is enough".
Não atender o telefone, desligar o despertador..."love to lay here lazy".
A gente precisa acordar devagar.

Mas aí a música acabou e coloquei o despertador pra tocar às 6h.


sábado, 30 de março de 2013

Velha e Louca

Qualquer semelhança não é mera coincidência.


"Pode falar que eu não ligo,
Agora, amigo,
Eu tô em outra,
Eu tô ficando velha,
Eu tô ficando louca
.

Pode avisar que eu não vou,
Oh oh oh...
Eu tô na estrada,
Eu nunca sei da hora,
Eu nunca sei de nada
[...]"


terça-feira, 26 de março de 2013

Um reencontro

Marina e Ulay se amaram. Muito. Ainda assim, o amor não durou: acabou num abraço na Muralha da China, despedida digna de um amor do tamanho do que o que existiu entre eles. Anos depois, durante uma exposição, o reencontro. Marina estava realizando o ato “A Artista Está Presente”, onde ela compartilhava 1 minuto de silêncio com quem se sentava em sua frente. Ulay apareceu na exposição, sem que ela soubesse. E mesmo que nós não soubéssemos da história de amor de Marina e Ulay, seus olhares seriam suficientes para nos contar toda a história.


Vi no " e daí?!" 

 

segunda-feira, 25 de março de 2013

Bad motherfucker!

Já imaginou como seria daora se aquelas cenas insanas de tiro-luta-perseguição de filmes de ação fossem em 1ª pessoa? Não precisa mais imaginar.




domingo, 3 de março de 2013

Trabalho versus Felicidade?

É por essas e outras que ainda acredito que é possível SIM, ser feliz no trabalho, se dedicar a algo que te dá prazer e te garante o sustento ao mesmo tempo. Há quem pense que trabalho é trabalho, que o prazer tem que estar no seu tempo livre e na grana que você ganha trabalhando, grana essa que você deve usar pra fazer coisas que te façam feliz nas horas vagas. Mas sempre preferi pensar que a gente tem que ser feliz com o que faz, que trabalho não pode ser algo que te faça uma pessoa amargurada ou ligada no "foda-se" 24 horas por dia. Quando o despertador tocar e você sentir aquela vontade imensa de jogar tudo pro alto, de chorar, de não querer ir, fique atento: esses são os sintomas de que você precisa seriamente repensar sua carreira. Sei por experiência própria.


O vídeo foi dica da Ana.


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A Festa do Bode

"[...] Foi o padre Rodríguez Canela que lhe disse a data: 3 de agosto de 1961. Haviam passado só três meses! Para ele o pesadelo parecia durar séculos. Deprimidos, enfraquecidos, humilhados, falavam pouco entre si, e as conversas giravam sempre em torno do que haviam visto, ouvido e vivido na El Nueve. De todos os testemunhos de seus companheiros de cela, Salvador ficou impressionado, de forma indelével, com a história que contou Modesto Díaz entre soluços. Nas primeiras semanas, teve Miguel Ángel Báez Díaz como companheiro de cela. O Turco lembrava de sua surpresa, em 30 de maio, na estrada para San Cristóbal, quando esse personagem apareceu junto ao seu Volkswagen garantindo-lhes que Trujillo, com quem ele havia caminhado na avenida, viria, e soube assim que esse grande senhor da elite trujillista também estava na conjuração. Abbes García e Ramfis ficaram tão enlouquecidos com ele, por haver estado tão perto de Trujillo, que presenciaram as sessões de cadeira elétrica, os açoites e as queimaduras que lhe infligiam, dizendo aos médicos do SIM que o reanimassem para continuar. Duas ou três semanas depois, em vez do habitual prato fedido de farinha de milho, trouxeram ao calabouço uma panela com pedaços de carne. Miguel Ángel Báez e Modesto engasgaram, comendo com as mãos até se fartar. O carcereiro voltou a entrar pouco depois. Encarou Báez Díaz: o general Ramfis Trujillo queria saber se não lhe dera nojo devorar seu próprio filho. Do chão, Miguel Ángel insultou: 'Pode dizer a esse imundo filho da puta que morda a língua e se envenene'. O carcereiro começou a rir. Saiu e voltou, mostrando-lhes, da porta, uma cabeça de criança que segurava pelos cabelos. Miguel Ángel Báez Díaz morreu horas depois, nos braços de Modesto, de um enfarto. [...]"

O trecho acima é só uma das passagens perturbadoras do livro "A festa do Bode", do Mario Vargas Llosa, que mistura realidade e ficção pra contar a história da dominicana radicada nos EUA Urania Cabral, que retorna a sua terra natal pra visitar seu pai. Urania deixou Santo Domingo, capital da República Dominicana, quando tinha 14 anos e a cidade então se chamava Ciudad Trujillo, em homenagem ao "Pai da Pátria Nova", o bode da história, Rafael Leonidas Trujillo Molina.

De cara, a gente já saca que não é só isso. Urania não queria voltar. Agora com 40 e poucos anos e bem sucedida profissionalmente, ela ainda não entendeu exatamente porque quis voltar a pisar no país de onde ela praticamente fugiu, e que jurou que não pisaria nunca mais. Isso já é o suficiente pra que a gente queira continuar lendo, afinal o autor vai liberando os detalhes aos poucos, a história é contada meio que num estilo "flashback": a narrativa é não-linear, num momento estamos nos dias atuais, Santo Domingo, noutro estamos em 1961, Ciudad Trujillo. Nos dias atuais, acompanhamos Urania em seu momento-revival, revendo a cidade, o pai (que ela odeia e também não sabemos por que), as primas. Em 1961, acompanhamos os preparativos da conjuração para matar o bode Trujillo. 

E não é só o tempo que muda, mas os pontos de vista também. Nos dias atuais, acompanhamos Urania. Em 1961, acompanhamos todos os principais envolvidos no golpe de Estado fail. É, foi master fail, mas não vou falar aqui o porquê.

Peguei dois livros do Llosa pra ler durante as férias: "Travessuras da Menina Má" e "A festa do Bode". Comecei pelo da menina má e larguei. A leitura demorou a engrenar, achei o personagem muito fraco...Felizmente, dei outra chance pro livro, porque o final foi maravilhoso. Prometo que vou falar dele aqui depois. Mas durante essa pausa que dei no livro da menina má, li esse do bode e não consegui parar. O tema é forte, a narrativa é dinâmica - já que a cada momento é conduzida a partir do ponto de vista de um personagem diferente - os personagens são interessantes, com suas motivações, angústias, segredos...Acredito que seja tudo isso combinado que faz com que esse livro seja tão bom.

Mas da metade do livro em diante, é preciso sangue frio pra continuar. O trecho que citei aqui é um dos muitos que causam desconforto e revolta. Fiquei tão puta que fui pesquisar sobre a história da ditadura dominicana, ler sobre o Trujillo e o bando de putos puxa-sacos que trabalhavam pra ele, e o que aconteceu com os que participaram da tentativa de derrubá-lo, só pra ver se me sentia um pouco melhor. Não ajudou muito, não.

Não ajudou porque é uma história que se repete. Nós mesmos, na década de 1960, estivemos sob uma ditadura militar que matou um monte de gente e que tem histórias tão escabrosas quanto a do Miguel Ángel. Ditadura essa que durou 21 anos e que, vez ou outra no Facebook, vejo gente falando que não foi tão ruim assim, que o país era melhor naquela época, blah blah fucking blah. Tivemos ditaduras na Argentina, no Chile...E elas cooperavam entre si, dedurando e prendendo os considerados "subversivos", pessoas perseguidas por terem cometido o "crime" de falar mal do governo. Uma vez presas, eram torturadas e assassinadas brutalmente. Famílias continuam na luta por informações de seus entes queridos desaparecidos durante as ditaduras desses países até hoje, simplesmente porque seus governos não cooperam, não divulgando detalhes dessas prisões arbitrárias, ou conduzindo "comissões da verdade" que não levam a lugar nenhum.

Costumo tentar manter uma visão mais otimista em relação ao ser humano, mas histórias como essas me deixam....triste. Saber que tem gente capaz desse tipo de coisa me deixa triste. Me faz pensar no zilhão de coisas que acontecem no mundo que mostram o quão desprezíveis nós somos, como somos capazes de coisas terríveis, pelos motivos mais fúteis. Acho que já citei Voltaire aqui, falando que "o homem se torna mau como se torna doente", o que significa que ninguém nasce mau, e mais, que existe possibilidade de recuperação, de cura. E são tantos os exemplos de pessoas boas, gente que, sei lá como, sei lá por quê, foi boa, justa, caridosa, fez a diferença na vida de outras pessoas, fez a diferença no mundo...e morreu assassinada, tipo Gandhi. É foda...

Mas nem por isso vou perder a fé na humanidade, vai.

Então, fica a dica de leitura. Pra quem ainda não conhece a obra do Mario Vargas Llosa, pra quem já conhece mas ainda não leu esse livro, pra quem gosta de histórias que envolvem ditaduras sanguinárias, ou pra quem só quer mais um motivo pra se emputecer com os seres humanos cruéis e filhos das putas. Livro bom é livro que mexe assim com a gente, que perturba, instiga, faz rir, chorar, pesquisar a história no Google - sou doida mesmo, foda-se - infernizar a vida dos amigos falando dos personagens. Valeu muito a pena. Fiquei sem dormir direito por um tempo, mas valeu.

P.S.

Criei um perfil no Skoob e montei minha estante virtual lá. O livro sobre o qual falei neste post tá aqui e o link pro meu perfil pra que vejam minha estante tá aqui.