quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Getting a life

O blog tá abandonado porque tô me desdobrando em jornada dupla pra ter dinheiro pro fim do ano. Mas eis a ironia: terei dinheiro, mas não terei tempo pra gastá-lo. Sequer terei uma folga decente, que dê pra viajar e passar o reveillon somewhere beyond the sea.

Embora pareça que minha vida está entrando nos eixos, a realidade não é bem essa. Odeio meus dois empregos, continuo nutrindo sentimentos romântico-babacas por quem não merece sequer minha indiferença, permaneço sem um puto no bolso já que sou nova nos dois trampos...Same old, same old. Mas decidir mudar alguma coisa já é válido.

Achei que não ia conseguir dar conta de dois empregos odiosos, mas consigo. Aos trancos e barrancos, mas tô me virando como posso. Ainda tô trabalhando meu self respect, mas acontecimentos recentes me ajudaram muito na parte de entender que, por mais que eu goste de alguém, isso não significa que a pessoa seja realmente digna de confiança e, mais importante, que possa retribuir a altura o que eu sinto.

Acordar razoavelmente cedo sem xingar e amaldiçoar o mundo inteiro pela minha desventura, passar bastante tempo fora de casa e assim me livrar das críticas e cobranças familiares, e saber que em breve terei grana pra fazer muita coisa que há tempos quero fazer é o que me motiva a seguir em frente. As coisas podem não estar do jeito que eu quero AGORA, mas não significa que semana que vem, ou mês que vem, ou ano que vem, sei lá, elas não estejam. Fácil ficar em casa de pijama, acordando todo dia as 16h e chamando antidepressivo de "meu melhor amigo". Sai, arruma um trampo mesmo que você o odeie e reclame dele pra todo mundo depois, beija e trepa com quem você não gosta, desliga o pc e lê um livro, sei lá. Mas não fica sentado no trono do apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar. A ficha demorou pra cair pra mim, mas caiu. E você? Vai ficar aí parado(a) até quando?

Trilha sonora para a rotina "Escrava Isaura"


Música e dinheiro são meus combustíveis. Nada me anima mais a encarar um dia cu de trabalho do que dinheiro na conta e trilha sonora bacana no MP3 player. Então, dividirei com who the fuck lê esse blog algumas das músicas que estou ouvindo no momento, quando os assalariados passageiros da linha Coral pisam meu all star surrado e acotovelam meus peitinhos.

Jamie Lidell - Another Day


O nome do cara é Jamie Lidell e eu o amo muito! Essa música é muito trilha de dia ensolarado, de pagamento, véspera de folga. Mas serve pros dias em que você queria era ter ficado na cama e não tá com um pingo de vontade de trabalhar, nem com um puto no bolso.

Mika - Grace Kelly


Tá precisando de música pra se sentir PHODA? Essa é uma boa pedida. Adoro o Mika e essa é uma das minhas favoritas.

Paul McCartney - Bluebird


Essa música é mais pelo lance de me imaginar numa ilha deserta, sentir a brisa do oceano, essas paradas relaxantes. A letra é tão bonitinha. "At last we will be freeee...Bluebirds you and meeeee"

Tem mais, mas é que agora bateu a preguiça e todo vídeo que tento acrescentar aqui a incorporação foi desativada. Então foda-se o Youtube and that's all for now, folks.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Daquele jeito

"Amanheci em cólera. Não, não, o mundo não me agrada. A maioria das pessoas estão mortas e não sabem, ou estão vivas com charlatanismo. E o amor, em vez de dar, exige. E quem gosta de nós quer que sejamos alguma coisa de que eles precisam. Mentir dá remorso. E não mentir é um dom que o mundo não merece (...). E morre-se sem ao menos uma explicação. E o pior – vive-se, sem ao menos uma explicação (...). E ter a obrigação de ser o que se chama de apresentável me irrita. Por que não posso andar em trapos (...)?"
 Clarice Lispector, mais uma vez, cobertíssima de razão. Tô aqui com minha cabeça quase explodindo depois de um dia de trabalho odioso. E a impressão que tenho ao prestar mais atenção ao meu redor é essa: I see dead people. Gente conformada, gente que trabalha com o que não gosta mas que acha que "tá bom assim". Ganha um salário mínimo e depende de regras esdrúxulas de controle de qualidade - e outros parâmetros que sequer merecem ser citados aqui - pra ter um salário melhor, mas como não consegue atingir a tal meta acha que "tá bom assim" só os 510 mangos. Se mata em trens, ônibus e metrôs lotados, paga pelo transporte público um valor que, sem dúvida, o serviço não vale, mas...Tá bom assim. É casado(a) ou namora e é enganado ou engana, mas encontrar outra pessoa dá tanto trabalho que compensa mais fechar os olhos e ouvidos pra humilhações do que ir atrás de alguém que valha a pena. E se relacionar vira script de novela do Manoel Carlos, e o outro tem que atender a uma lista de atributos pra ser considerado(a) "the one", e se a revista Nova ou a Men's Health disser que seu relacionamento é uma merda, termine rápido porque eles tem razão: what the hell do we know?! Você pode fazer o que estiver ao seu alcance para ser um profissional melhor, um amigo melhor, um amante melhor, mas nada vai adiantar. Sabe por quê? Porque a falsidade é o novo preto, exigir e não querer ser cobrado é hype e o "deixa a vida me levar, vida leva eu" é chic. Também amanheci em cólera. Mas vou dormir e acordo no dia seguinte ainda sob o efeito dela. E viver e morrer sem explicação é o de menos. O que me deixa fodida é - com tanta coisa ruim, tanta cegueira, tanta hipocrisia - ter que usar roupa social.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Junto e misturado

Não tenho andado com muito saco pra sentar e escrever. Só o que me vem na cabeça são fragmentos, idéias muito boas que podem virar textos muito bons, mas que no momento não tenho paciência pra desenvolver.

Nem tô fazendo nada de importante no momento, só não acho as palavras, sabe? Vem um monte de coisa na cabeça ao mesmo tempo, as idéias se embaralham e acaba não saindo nada. Fora a preguiiiiça que dá de ajustar o texto, cortar aqui e ali, ler, reler, escrever, apagar...Um saco.

Mas tô com vontade de escrever alguma coisa, então vou compartilhar alguns dos meus pensamentos. Lá vamos nós:

Séries de TV

A preguiça não me impede só de atualizar os blogs, não. Atualmente, ela também não me tem permitido acompanhar minhas séries de TV favoritas.

Parei na segunda temporada de Dexter. A série já está no quinto ano. Baixo os episódios e assisto, mas não tenho tido paciência pra fazer isso. Não que a história não esteja legal. Pelo contrário, adoro a série e sou apaixonada pelo Dexter Morgan, interpretado pelo competentíssimo Michael C. Hall. Ser apaixonada por um serial killer é novidade pra mim. Peraí, acabei de lembrar que ser apaixonada por um serial killer NÃO é novidade. Sabem o filme "American Psycho"? Pois é. My first psycho love. Olha só o porquê:

Tô preparando uma resenha sobre a série Dexter pra postar nos dois blogs. Quando eu conseguir acompanhar direitinho, e a preguiça e o bode passarem, prometo que termino. Segue um vídeo pra mostrar porque amo tanto esse cara. Isn't he cute?


Minha outra série favorita é Supernatural. Essa eu assisti todiiiinha, duas vezes. Tá na sexta temporada e eu tô meio que boicotando porque ter mais um ano não foi idéia do criador da série, Eric Kripke. Ele passou anos pesquisando lendas urbanas, mitologia e religiões pra criar um filme. Depois viu que tinha muito material e criou a série, que era pra ter 5 temporadas. Quem acompanha a história sabe que o cara emendou tudo direitinho, pensou em todos os detalhes, não deixou nenhuma ponta solta, caprichou pra caramba pra que a aventura dos Winchester boys acabasse na 5ª temporada. Acho até que o fim seria a morte dos dois, coisa que não agrada fãs xiitas de séries de TV, mas que eu acredito ser o único fim plausível. No entanto, como a emissora tinha contrato com Jensen Ackles e Sam Padalecki por mais um ano e a série faz muito sucesso, resolveram esticar a história. Logo no primeiro episódio da 6ª temporada a gente já saca que tá tudo meio "Lost". O Sam, que era receptáculo de Lúcifer e caiu numa gaiola com o arcanjo Miguel pra assim evitar o fim dos tempos, conseguiu sair sem saber como nem por que e tá caçando com gente da família da mãe dele, entre eles o avô Samuel, que também tinha morrido e voltou sem saber como ou por que. O Dean fez o que o irmão pediu e foi morar com um casinho antigo, a Lisa, e o filho dela, Ben. Tem um trampo normal, sai com o vizinho normal pra tomar uma cerveja normal, faz churrasco normal no quintal normal da casa normal...Essas coisas que gente suburbana normal faz. Mas dá pra sacar que ele detesta.

Um ano se passou desde o lance apocalíptico lá e só quando um "djin" vem atazanar a vida dele é que ele fica sabendo que o irmão tá vivo, o avô tá vivo, eles estão caçando juntos e algo no mundo sobrenatural está fora da ordem. Ele ajuda nessa primeira caçada, mas por se sentir responsável pelo bem-estar da Lisa e do Ben, decide que vai ficar de fora dessa vida forevah. No segundo episódio, tem algo matando casais e sequestrando bebês, um shapeshifter ou metamorfo, e ele e o Sam acabam caçando juntos outra vez. Não terminei de assistir o episódio, então não sei se ele vai largar a vida de homem de família e voltar pra estrada, ou se vai continuar fazendo cu doce. Só sei que não estou gostando do rumo que a série tomou e, se Jared e Jensen não fossem tão gostosos e as personagens não fossem tão divertidas, eu pararia de assistir.


Livros

Assunto mais complicado que séries de TV. Recentemente, li "Mulher Perdigueira" e "The Beatles - A biografia" (prometo falar deles aqui em breve também). Agora, estou lendo "Comer, rezar, amar". Tá, eu sei, é meio decadente. Mas fiquei curiosa e o livro prendeu minha atenção no início. Só no início. Agora acho tudo uma lenga-lenga pra mulheres passando pela crise da meia-idade. Dúvidas do tipo "De onde viemos? Pra onde vamos?" todo mundo tem. Mulheres na faixa dos 30 também se perguntam se querem ter filhos ou não, se querem casar ou não, se tudo isso vale a pena, se vão deixar algo de relevante pro mundo, essas merdas. Me interessei mesmo foi pela viagem, por dividir o ano em 3 partes e passar cada uma delas num país diferente: Itália, Índia e Indonésia. Se eeeeeu tirasse um ano sabático pra me entregar aos prazeres da vida, passaria uma parte na Itália, a outra na Holanda e a outra na Espanha, e o título do livro seria "Comer, farrear, meter". E ia querer que a Cameron Diaz me interpretasse.


Filmes

Na mais completa falta do que fazer, assisto filmes. Muitos filmes. Novos, velhos, piratas de filmes que ainda estão no cinema, etc. No domingo a noite, assisti - de novo - "Bastardos Inglórios" e "Obrigado por fumar". Segunda-feira, assisti "Motoqueiro Fantasma" na Globo. Algo de estranho me aconteceu nesse ínterim: fiquei completamente tarada pelo Nicolas Cage. Não foi pelo Brad Pitt, não foi pelo Aaron Eckhart. Foi pelo NICOLAS CAGE.

Nunca na história desse país senti atração, ou qualquer outro tipo de sentimento, pelo Cage. Acho o cara um bom ator, só isso. Mas depois que assisti "Ghost Rider", me deu vontade de ver mais coisa. Aí assisti - outra vez - "A lenda do tesouro perdido", um misto de Indiana Jones com Lara Croft. Aproveitei, e baixei "A lenda do tesouro perdido - O livro dos segredos". Não foi suficiente. Meu vício pelo Nicolas Cage tava só começando. Ontem, assisti "Aprendiz de Feiticeiro" e só piorei. Ele tá com o cabelo comprido e aparência sombria - mais do que o normal - e a tara só aumentou. Baixei "O vidente", filme que já assisti mas que achei que vale a pena ver de novo. E algo me diz que não vou parar. Ainda faltam "Vício Frenético" (um thriller policial que ele fez com a Eva Mendes e o Val Kilmer e eu nem sabia), "Presságio" (filme sobre o fim do mundo, 2012 style, o que me faz ficar em dúvida se vejo ou não), "Perigo em Bangkok", "O sacrifício"...Se bobear, até "Cidade dos Anjos" vou assistir de novo. Só não posso ver o "Leaving Las Vegas", porque ele morre no final. Choro horrores no fim desse filme.

Até eu ser acometida por essa paixonite, não tinha me dado conta de que já vi tanto filme dele. "Con Air", "A rocha", "Vivendo no Limite", "Feitiço da Lua", "Senhor das Armas"...Além dos que já citei aqui. Na página do IMDB descobri que ele treina jiu-jitsu com gente da família Gracie. Que o filho dele com a garçonete de restaurante japonês que ele conheceu em 2004 tem nome de personagem de história em quadrinhos porque ele é fanático por gibis. Que ele é fã de Elvis. Que ele é sobrinho do Francis Ford Coppola. Que ele é amigo do Neil Peart, baterista do Rush. Que esse é o terceiro casamento dele, e um deles foi com a escrota da Lisa Marie Presley. Que ele mede 1,83 m, tem 46 anos...E é até que divertidinho nas entrevistas.

Lembro que, há alguns anos, estudei com uma menina que eu achava muito parecida com a atriz Elizabeth Shue (que contracenou com o Cage em "Leaving Las Vegas"), e ela era completamente apaixonada pelo Nicolas Cage. E eu vivia pergutando pra ela o que diabos ela via nele, e ela não sabia responder. Dizia que sabia que ele não era bonito - pelo menos não era bonito para os padrões de Hollywood - mas que algo a atraía, que ele tinha "charme", que ele tinha um "certain something" que prende a atenção da gente. Demorou, mas finalmente entendi o que ela queria dizer.


Música

Paul McCartney vem pro Brasil e, desde que ele confirmou, não consigo falar em outra coisa. Não consigo ouvir outra coisa também. Tô ouvindo "Band on the run" e Beatles desde que começaram os rumores de que a "Up and Coming Tour" passaria por aqui. Fico vendo vídeos de shows dessa turnê no Youtube, acompanho diariamente notícias sobre valores de ingresso, possível show extra, repertório...Tô prestes a ter um troço.

O John Lennon é meu beatle favorito. Mas o Paul foi a alma gêmea do John. O encontro dos dois foi o casamento criativo mais bem sucedido da história da música. Os dois se amavam e a história dessa amizade é lindíssima, exceto pelo final. Acredito que o ressentimento pelo fim dos Beatles e pela ida ao tribunal pelos direitos autorais não teve tempo de cicatrizar, nem pro John, nem pro Paul. Mais pelo Paul, porque o John não parecia ter levado isso tudo pro lado pessoal. O Paul não queria que a banda acabasse, queria continuar compondo em parceria com o John, queria voltar a fazer shows. O John não quis. Tudo azedou, o sonho acabou e o John foi assassinado antes que o rancor se dissipasse por completo. O John dizia que eles ainda se falavam e havia chance de voltarem a tocar. Eu acredito nisso, sim. E pelas músicas que o Paul compôs após a morte do John, a gente saca que algumas coisas ficaram por dizer. Coisas como "Eu te amo".


Só sei que ele vem. Dia 21 ele toca em SP e os ingressos vão de 140 a 700 reais. Embora a música dele, a música da banda da qual ele fez parte tenha papel fundamental na minha vida, não sei se o bolso aguenta. Mas eu tô aqui, torcendo pra ganhar na loteria, pra receber alguma herança de parente distante, ou quem sabe, arrumar um emprego que pague razoavelmente bem. Tô aqui, ouvindo "Something" e desejando do fundo do meu coração que dia 21 eu esteja no Morumbi, cantando junto mais ou menos assim:

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

"To do" list


Difícil. Mas não custa tentar.

Férias frustradas

Tirei férias de mim. Dei um tempo nas músicas tristes, nas conversas fúteis, nas falsas amizades. Dei um tempo também nos filmes ruins, nos livros complexos demais, nos papos-cabeça. Tô ouvindo Jamie Lidell (óóótimo), assistindo filmes do Monty Python e lendo aquele "Comer, rezar, amar". Aí deixo "All I wanna do" no repeat, me imagino flanando em Roma, tomando gelato com algum italiano gostosão, e vez ou outra dou risada sozinha lembrando de alguma piada do "O Sentido da Vida".

Saí temporariamente de mim e fui prum lugar mais chato, mas que não me aporrinha e me dá bem menos trabalho do que sobreviver em mim. Sem toda aquela tempestade de sentimentos, sem choro copioso mas também sem gargalhada escandalosa, sem muitas mentiras mas com poucas verdades, com muito chocolate mas sem novidades (coisa que nunca foi meu forte mesmo). Tá sendo mais ou menos como morar numa cidade grande e agitada - em que nunca se consegue viver o meio-termo das coisas, o custo de vida é alto, as expectativas frustradas e o lifestyle é divertido porém exaustivo - e ir passar férias numa humilde choupana no meio do nada, comendo e bebendo o que gosta, lendo/ouvindo/assistindo o que quer e indo dormir sempre que tem vontade, o que é quase o tempo todo.

Quando algumas pessoas insistem em falar comigo com o pretexto de quererem saber como estou (e na verdade querendo que eu saiba como ELAS estão), finjo prestar atenção, opino, mostro indignação/espanto/alegria - "quiiibom" - até elas desistirem e me deixarem voltar pras minhas férias em "Nowhereville", onde a coca-cola sempre está gelada, o brigadeiro nunca acaba, sempre tem algum filme bom pra eu assistir, e a música que toca sempre é a minha favorita.

Mas sabe como é, né...A gente se mata de trabalhar, estudar, sofrer na tal cidade grande e não vê a hora de tirar as merecidas férias pra fugir pra algum lugar tranquilo, nossa versão particular do paraíso. E quando chegam as férias, e vamos pro tal personal-paradise, e os dias passam devagar, e enjoamos das comidas e bebidas e músicas e livros e filmes, e dormimos tudo o que tínhamos pra dormir pelos próximos 500 anos, e a porra do telefone não toca...Começamos a sentir falta da cidade grande.

No meu livro favorito do Eça de Queirós, "A Cidade e as Serras", Jacinto troca Paris por um vilarejo no meio do mato em Portugal. Acho a história linda e acredito que a mudança nos hábitos  - e na personalidade - da personagem causada pela mudança de ambiente não é nada intangível, não faz do livro um romance de ficção científica (pretendo falar mais desse livro aqui em breve). Pode acontecer com qualquer um. Talvez aconteça comigo um dia. Mas no livro, a tal personagem sequer sente saudades de Paris, não quer nem ouvir falar, nem visitar, nada. Isso, acho pouco provável. Por mais que a calmaria, a paz, a quietude de onde estou agora me façam bem, sinto falta do barulho, da bagunça, do superego descontrol, do Katrina emocional onde nasci e me criei.

E é por isso que tô voltando pra mim. Com uma ou outra mudança (já que sempre voltamos diferentes das férias), com o feeling do "agora vai!" e com uma lista de planos que talvez nunca se realizem. Só o "bronzeado" é que fiquei devendo. É que fora de mim também não faz sol. 


quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Uma definição

[...]O Amor é finalmente
Um embaraço de pernas,
uma união de barrigas,
um breve temor de artérias.
Uma confusão de bocas
uma batalha de veias,
um rebuliço de ancas,
quem diz outra coisa, é besta.

Definição do Amor - Gregório de Matos


sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Um reencontro

Hoje tive meu reencontro com São Paulo. Com o centro de São Paulo, pra ser mais exata.
Morando no que chamam de Grande São Paulo - municípios que fazem parte da capital, mas que não fariam nenhuma falta se não fizessem -, e estudando ou trabalhando na zona sul nos últimos anos, há tempos não sabia o que era flanar pelo centrão da cidade. Flanar em termos.

Tinha lugar pra ir, tinha horário, tinha compromisso. Mas tava com o "foda-se" ligado em modo stand-by, saca? Então, entre um compromisso e outro, zanzei legal pelo Vale do Anhangabaú, República, Parque Dom Pedro...Nossa, lembrei de tanta coisa. E foi aí que o bicho pegou.

Semana que vem, dia 11 especificamente, completo 27 anos. E quando ando pelo centro de São Paulo como andei hoje, lembro dos meus primeiros trampos, dos meus primeiros rolês all-by-myself, das compras na Galeria do Rock, nos momentos de introspecção-religiosidade-peace-and-quiet na Basílica de São Bento ou na Catedral da Sé. Já conversei com mendigo, já andei sem eira nem beira nos arredores do Teatro Municipal à noite com o cu na mão (e NUNCA fui assaltada), já comi X-Tudo e tomei suco de laranja em um monte daquelas lanchonetes do Largo Paissandu, da 24 de maio, da Dom José de Barros. Já peguei a fila do 140 da Barão de Itapetininga pra entregar currículo, já fotografei o Teatro Municipal à noite pra disciplina de Fotojornalismo da faculdade (as fotos que tiramos no centro aquela noite não ficaram boas, então meus amigos e eu voltamos outro dia e fotografamos novamente só pra ter o pretexto de andar no centro a noite e depois ir pra balada). É muita coisa, muita lembrança, muita gente. Trabalhava na Líbero Badaró e ia a pé até o Parque Dom Pedro pegar busão pra voltar pra casa. Bebia na Augusta e ia até o Anhangabaú pegar metrô (mas antes, vamos levar a colega até o ponto do ônibus dela...na São João?). Entregava currículo em tudo o que era agência da Barão, da 7 de abril, da Marconi...E depois ia pro Shopping Light flanar sem um puto. Shopping Light onde eu me encontrava com meu ex-namorado pra ir pra casa dele (o ônibus Parque Continental passa ali perto...acho). Um passeio no túnel do tempo pelo preço de um bilhete unitário.

Não sei se a nostalgia é por conta do meu cumpleaños, se é porque tô velha e tomando consciência disso, não sei. Só sei que reencontrar o centro de São Paulo, o MEU centro de São Paulo - com todo o barulho, o povo apressado, a sujeira, o (mau) cheiro e a aparente desordem (sim, a desordem é só aparente; o centro de São Paulo tem sua ordem, mesmo que desordenada) - que guardo com tanto carinho nas minhas recordações, fez meu dia feliz. "There's no place like home", já disse minha amiga Dorothy. E o centrão de SP é o meu lar sem nunca ter sido.