sábado, 14 de dezembro de 2013

Nossos problemas acabaram!

Esse assunto já é antiguinho, e eu até queria ter falado dele aqui antes, mas...Vieram as provas de fim de semestre, e as provas de concurso pra estágio, e todos os meus revertérios emocionais...Enfim, eis a oportunidade.

Ultimamente, tenho dedicado um pouco do meu tempo pra ler mais sobre feminismo, pra acompanhar um pouco mais as discussões acerca da desigualdade entre os gêneros etc. E outro dia, esse vídeo apareceu na minha timeline do Facebook. Infelizmente, não é trollagem: a Bic fez mesmo uma caneta pra mulheres. E pesquisando nas papelarias, constatei que o preço também não é brincadeira: uma embalagem com 4 unidades de caneta Bic "comum" custa R$ 4,40, enquanto uma, SÓ UMA, Bic for Her custa R$ 9,30.

Parece bobagem, mas não é. E usando o humor, a Ellen tocou num assunto que muita gente evita, ridiculariza, torce o nariz, prefere fazer de conta que não vê: o mundo é machista. Tenho amigos (e, infelizmente, amigas) machistas, minha família é machista...A gente é criada assim, e quando se dá conta, tá tecendo comentários machistas também, sem perceber que o impacto do machismo nas nossas vidas é grande, e o preço, altíssimo.

Vou tratar melhor desse assunto aqui em breve, com números e reportagens e dicas de leitura e a porra toda. Por enquanto, fiquem com o vídeo da Ellen DeGeneres.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Beijo na testa e gozada na cara

Sou um amontoado de citações, letras de música e falas de comédias românticas água-com-açúcar dos anos 90.

Sou 30 anos de clichês românticos.

Mesmo com tanta coisa acontecendo no mundo real, tanta coisa que me afeta diretamente, tenho me refugiado nos filmes que marcaram minha adolescência pra tentar entender o motivo pelo qual eu sou assim: essa bagunça temperamental da qual todos fogem, que todos evitam, a qual todos irrita com cobranças e questionamentos e desconfiança.

Passei os últimos dias tentando encontrar palavras pra descrever como é, como eu raciocino com esse meu jeitinho todo especial de foder com a porra toda e chego a conclusões estapafúrdias (adoro essa palavra), conclusões essas que, na boa?, você não vai conseguir abalar sequer um pouco, não importa o argumento que use. Taí uma coisa que sempre dizem de mim: que sou cabeça dura, e que quando implico, quando cismo que as coisas são do jeito que penso que são, já era. Uma amiga minha me chama carinhosamente de "concretinho" por causa disso. Aí eu assisti aos meus filmes românticos, chorei, ouvi as músicas das trilhas milhares de vezes, escrevi, postei trechos dos filmes...E o post ficou gigante. Desisti de tentar terminar.

Desisti de tentar explicar, na verdade. Explicar pra quem? Pra quê? Todo cara com quem me envolvi nos últimos tempos deve dar graças aos deuses por ter se livrado de mim. E nessas de querer entender o porquê que isso acontece, fui atrás de pistas nos filmes. Por que os filmes? Porque num comentário no outro blog, um cara disse que sou romântica, por isso meu desconforto em constatar que o "amor-tesão" como ele coloca, não anda junto necessariamente com o "amor-romântico". E que somos induzidos a acreditar na fórmula amor-rômantico + amor-tesão por causa dos milhares de filmes e séries e novelas que consumimos ao longo da vida.

Eis o comentário do leitor:

"Barbara, acho que você mesma apontou a conclusão. Você é romântica, como a maioria das pessoas de nossa época e lugar. No modelo de amor do romantismo, que predomina nossa sociedade, amor e paixão são conceitos indissociáveis. Há quem o chame de "amor-paixão" Procuramos Um Grande Amor, A Metade da Laranja; e essa pessoa deve necessariamente aquela por quem sentiremos O Grande Tesão, uma atração irresistível. Mas será mesmo que as pessoas por quem sentimos O maior Tesão, é a mesma com quem queremos compartilhar uma casa, criar uma criança juntos? Na vida "vida real", nosso carinho, companheirismo, cuidado mútuo - características que atribuímos ao Amor - muitas vezes estão dissociados com tesão, desejo, fetiche, paixão da mesma forma que no modelo romântico. A grande questão é que temos poucos referenciais de amor que não se enquadre no modelo romântico. A maioria dos filmes, seriados, novelas - que servem de modelo para nosso comportamento social - seguem a linha romântica. Daí a dissociação entre o que esperamos sentir e o que verdadeiramente sentimos; gera um descompasso, um desconforto..."

Quando se está escrevendo sobre putaria, você quer ser chamada de tudo, menos de romântica. Mas a verdade é que eu sou, sim. E meu alterego putanheiro falhou estrondosamente em disfarçar isso. Foi então que me dei conta que, de fato, novelas e filmes e séries e músicas, tudo isso serve "de modelo pro nosso comportamento social", o que não quer necessariamente dizer que são só mentirinhas, historinhas fofinhas que servem pra tornar nossa vida menos filha da puta. Ou são e eu sou trouxa? Falando assim, soa como se eu ainda acreditasse em Papai Noel, sei lá. Aí eu pensei: "Por que não assistir de novo a comédia romântica referência total da minha adolescência e ver se ainda acredito em tudo que tá lá? E eu procurei, achei e assisti. E quase não parei mais de chorar.


Ainda tá tudo lá: todos os problemas de autoestima da protagonista, a idealização do amor-romântico, a dor da rejeição...Tudo com o que eu me identifiquei quando tinha, sei lá, 13, 14 anos tá lá. E o pior: eu ainda me identifico. Talvez, mais do que nunca.

E eu fiquei pensativa, e bebi tudo o que tinha em casa, e chorei, e ouvi Nessun Dorma (que toca no fim do filme) milhares de vezes. E desde então, toda noite tenho assistido um filme da década de 90 cujas referências românticas tornaram minha vida amorosa essa tragicomédia cheia de lugares-comuns e frases feitas.

E querem saber? FODA-SE. Eu sou romântica. Eu quero um Gregory Larkin, que repare nas minhas manias mais bobas e me ache adorável ao invés de doida. Ainda melhor: quero um Mark Darcy, que goste de mim do jeito que eu sou e de quem eu não precise esconder meus "wobbly bits". 


Quero alguém com quem eu possa conversar sobre tudo, e o tempo passe tão rápido que a gente nem se dê conta de estamos falando há horas. Quero um "Antes do Amanhecer". 


Quero alguém que goste de mim do jeito que eu sou, alguém que saiba as coisas mais embaraçosas a meu respeito e ainda assim goste de mim. Quero fins de semana preguiçosos em casa, vendo filme e comendo pizza, e quero noites de bar e cerveja e classic rock. Quero game nights. Quero viagens a dois. Quero foder. Quero me sentir desejada, quero putaria ao pé do ouvido, por sms e e-mail. Por que caralhos dissociar amor de tesão quando se é perfeitamente possível sentir os dois pela mesma pessoa? Beijinho na testa e gozada na cara convivem harmoniosamente, pelo menos na minha imaginação.

Mas mesmo querendo tudo isso, e querendo acreditar do fundo do coração que é possível existir relacionamento assim, outro elemento é somado a equação: o tempo. Tô velha e o tempo tá passando, as amigas tão casando e eu aqui, dando murro em ponta de faca, como dizem. E se relacionamentos amorosos forem só isso que a gente vê por aí? Alguém com quem você vai ficando, vai ficando e, quando vê, tá casado e com filhos, pagando prestação da casa e do carro? E a mesmice e as responsabilidades vão deixando tudo mais chato, mais sem gosto, e o olhar tem aquela opacidade de olhar de bicho de cativeiro.

Provavelmente, nunca vou experimentar nenhum dos dois: nem a sensação de andar nas nuvens dos relacionamentos de filmes românticos, nem a realidade nua e crua dos relacionamentos pé-no-chão. Nem nunca vou entender o que me faz estragar tudo sempre. A Superinteressante já tinha me avisado que filmes românticos estragam nossas vidas, e talvez eles façam mesmo a gente criar expectativas demais e complicar demais o que era pra ser simples. Mas na real? As histórias podem até ser bobinhas e cheias de clichês cafonas, mas as trilhas sonoras são maravilhosas.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

A chatice dos "ismos" (e ódio, sexo, mentiras & videotape no Facebook)

Tive uma quarta-feira péssima. Não dormi direito, fui mal na prova de Direito Civil (agora só um milagre pra me salvar do exame; e se ficar de exame, SEI que vou ficar de DP)...Não me restou outra saída a não ser encher a cara no bar. Fiquei dando risada da cara dos são-paulinos que estavam assistindo o jogo e depois voltei pra casa pra jogar Candy Crush.

Ontem, cheguei a separar algumas coisas pra postar aqui, mas fiquei com preguiça (e tinha que estudar pra prova, mesmo que fosse inútil). Então, agora vai:

Save Ferris

"Ferris Bueller's Day Off" é um dos meus filmes favoritos, e o Ferris é o meu mestre, meu guia, meu Dalai Lama. Separei essa cena aqui porque tava numa conversa com uma amiga minha sobre socialismo, feminismo, machismo, esquerda e direita, e sempre lembro do Ferris dizendo que acha que "ismos não são bons", e que as pessoas deveriam acreditar nelas mesmas, tipo o John Lennon. Concordo plenamente, mestre Bueller.


Cadê fé na humanidade?

Eu, que sou sempre otimista otária, tenho visto tanta merda nazinternétis que receio estar perdendo a fé na humanidade.

Gente abandonando cachorro em avenida, botando pra fora do carro sem a menor cerimônia; homem babaca que posta vídeo íntimo de ex, que não aguenta a pressão dessa sociedade machista hipócrita e acaba se matando...Olha, não tá fácil.

E eu tava lendo um texto falando do espaço pra disseminação de ódio que se tornou o Facebook e, pouco antes de dar adeus ao mundinho da curtição do sr. Zuckerberg, vi isso aqui:

Fonte: Arte Destrutiva
Anos atrás, quando criei perfil no Facebook (e a galera ainda tava toda no Orkut), o grande barato da rede social era compartilhar coisa bacana que a gente ficava sabendo e queria que nossos amigos e familiares soubessem também, além, claro, de postar fotos de rolês daora, de animais de estimação, do que a gente quisesse. E hoje virou essa bosta, com vídeo de sexo vazando, foto de bandido decapitado, um salmo no meio disso tudo pra descontrair, "até que enfim é sexta!", e por aí vai. E é decepcionante ver o rumo que as coisas tomam porque antes, se eu quisesse evitar "chorumentário", era só não ler os comentários de internauta nas notícias do UOL e do G1. Mas infelizmente essas pessoas também tem Facebook, e fazem questão que a gente saiba que elas acham o humor do Danilo Gentili inofensivo, que odeiam o PT, que o Bolsa Família sustenta vagabundo e compra voto dos esfomeados do nordeste, essas merdas. Aliás, tem um texto bem bacana na CartaCapital sobre esse tipo de "pensamento" (sim, entre aspas, porque quem tem esse tipo de opinião não pensa).

Enfim, voltando ao lance da imagem aí de cima: eu tava puta, ia ficar longe do FB por um tempo, até ver essa imagem. Não foi o que me motivou a ficar, não. Mas é o tipo de coisa que faz a gente recuperar um pouquinho da fé perdida. Se tem gente que compartilha vídeo íntimo pra humilhar os outros, imagens de violência gráfica e toda sorte de mensagens de ódio e intolerância, também tem quem compartilhe coisa útil, bem humorada e conteúdo que faça as pessoas refletirem pelo menos por uns segundos sobre essas merdas todas acontecendo.

Pretendia falar mais a respeito dessa canalhice de vazar vídeo de sexo, mas o PC Siqueira é um lindo e fez um vídeo dizendo TUDO o que eu queria dizer.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Lenda

"Abel e Caim encontraram-se depois da morte de Abel. Caminhavam pelo deserto e reconheceram-se de longe, porque os dois eram muito altos. Os irmãos sentaram-se na terra, acenderam um fogo e comeram. Guardavam silêncio, à maneira das pessoas cansadas quando declina o dia. No céu assomava uma estrela que ainda não tinha recebido seu nome. À luz das chamas, Caim percebeu na testa de Abel a marca da pedra e deixou cair o pão que estava prestes a levar à boca e pediu que lhe fosse perdoado seu crime.

– Tu me mataste ou eu te matei? – Abel respondeu. – Já não me lembro; aqui estamos juntos como antes.

– Agora sei que me perdoaste de verdade – disse Caim –, porque esquecer é perdoar. Procurarei também esquecer.

– É assim mesmo – Abel falou devagar. – Enquanto dura o remorso, dura a culpa."
 Elogio da Sombra - Jorge Luis Borges

Tô num relacionamento sério com o volume 2 das Obras Completas do Borges que peguei na biblioteca da UMC semana retrasada. E na expectativa pra edição 2013 da Festa do Livro da USP, pra ver se acho livros dele e do Cortázar em conta lá.

Facts about cats

Curiosidades felinas.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Cisne Negro

Tô toda inspirada hoje (e não, ainda não dormi)...

O filme "Black Swan" é um dos meus favoritos, e prometo que qualquer dia falo dele aqui com mais calma. Definitivamente merece um post.

Mas esse post aqui vai ser só pra mostrar 3 das minhas passagens favoritas. Já que tenho postado trechos de livros, não custa compartilhar trechos de filmes também.

A sinopse e a ficha completa do filme estão aqui, by the way.


"You could be brilliant! But you are a coward!"

Já falei aqui no blog diversas vezes sobre o quanto costumo me autossabotar (alerta de auto-ajuda). Encontros que desmarco, eventos aos quais não apareço, entrevistas de emprego em que dou o cano, trabalhos da faculdade que começo e não termino...A lista é grande. E sim, é por medo. Assim como a Nina (Natalie Portman), sou covarde. Mas sei que se me esforçasse, se não me sabotasse tanto, se parasse de "choramingar", conseguiria ir mais longe. Então, quando a covardia grita e eu já tô pensando numa desculpa boa pra desistir, me lembro dessa cena:


"The only person standing in your way is you!"

Sim, quando a gente é expert em se sabotar, nosso maior inimigo é a gente. Hoje em dia, rola um papo facebookiano, principalmente entre as meninas funkeiras cujo mote é sempre "as inimigas": o "recalque" das inimigas que bate não-sei-onde e volta; "beijinho no ombro" pras inimigas...Bitches, please. Vocês não são os Power Rangers ou a She-Ra (já falei que sou louca pela She-Ra, né?) pra terem inimigas. Como diz uma frase num post anterior, as pessoas não estão contra você, mas a favor delas mesmas. O universo não conspira contra você. Na verdade, ele não poderia se importar menos com você. Então pára de ficar arrumando pretexto e vai à luta. It's time to let it go.


The Black Swan

O Thomas (Vincent Cassel) fala tanto pra Nina se soltar, deixar rolar, não se preocupar tanto em ser perfeitinha, que ela finalmente se liberta...Mas as consequências são trágicas. Nessa primeira cena dela como a "Nina do Lado Negro da Força", a gente percebe no olhar, na autoconfiança, na expressão facial, nos gestos, na leveza da dança...Natalie, SUA LINDA, você mereceu muitíssimo o Oscar por essa atuação! É como se REALMENTE estivéssemos de frente com a gêmea malvada do Cisne Branco (um minuto de silêncio pelos que falam "cisnei"...puta que pariu): a antagonista, a vilã. A transformação atinge o ápice nessa cena, e pra Nina esse foi o "point of no return". Me arrepio TODA VEZ na hora das asas.


No post que pretendo fazer sobre o filme, postarei mais cenas, além das minhas impressões a respeito delas, da história, de tudo. Eis um dos filmes que não canso de assistir.