terça-feira, 26 de março de 2013

Um reencontro

Marina e Ulay se amaram. Muito. Ainda assim, o amor não durou: acabou num abraço na Muralha da China, despedida digna de um amor do tamanho do que o que existiu entre eles. Anos depois, durante uma exposição, o reencontro. Marina estava realizando o ato “A Artista Está Presente”, onde ela compartilhava 1 minuto de silêncio com quem se sentava em sua frente. Ulay apareceu na exposição, sem que ela soubesse. E mesmo que nós não soubéssemos da história de amor de Marina e Ulay, seus olhares seriam suficientes para nos contar toda a história.


Vi no " e daí?!" 

 

segunda-feira, 25 de março de 2013

Bad motherfucker!

Já imaginou como seria daora se aquelas cenas insanas de tiro-luta-perseguição de filmes de ação fossem em 1ª pessoa? Não precisa mais imaginar.




domingo, 3 de março de 2013

Trabalho versus Felicidade?

É por essas e outras que ainda acredito que é possível SIM, ser feliz no trabalho, se dedicar a algo que te dá prazer e te garante o sustento ao mesmo tempo. Há quem pense que trabalho é trabalho, que o prazer tem que estar no seu tempo livre e na grana que você ganha trabalhando, grana essa que você deve usar pra fazer coisas que te façam feliz nas horas vagas. Mas sempre preferi pensar que a gente tem que ser feliz com o que faz, que trabalho não pode ser algo que te faça uma pessoa amargurada ou ligada no "foda-se" 24 horas por dia. Quando o despertador tocar e você sentir aquela vontade imensa de jogar tudo pro alto, de chorar, de não querer ir, fique atento: esses são os sintomas de que você precisa seriamente repensar sua carreira. Sei por experiência própria.


O vídeo foi dica da Ana.


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A Festa do Bode

"[...] Foi o padre Rodríguez Canela que lhe disse a data: 3 de agosto de 1961. Haviam passado só três meses! Para ele o pesadelo parecia durar séculos. Deprimidos, enfraquecidos, humilhados, falavam pouco entre si, e as conversas giravam sempre em torno do que haviam visto, ouvido e vivido na El Nueve. De todos os testemunhos de seus companheiros de cela, Salvador ficou impressionado, de forma indelével, com a história que contou Modesto Díaz entre soluços. Nas primeiras semanas, teve Miguel Ángel Báez Díaz como companheiro de cela. O Turco lembrava de sua surpresa, em 30 de maio, na estrada para San Cristóbal, quando esse personagem apareceu junto ao seu Volkswagen garantindo-lhes que Trujillo, com quem ele havia caminhado na avenida, viria, e soube assim que esse grande senhor da elite trujillista também estava na conjuração. Abbes García e Ramfis ficaram tão enlouquecidos com ele, por haver estado tão perto de Trujillo, que presenciaram as sessões de cadeira elétrica, os açoites e as queimaduras que lhe infligiam, dizendo aos médicos do SIM que o reanimassem para continuar. Duas ou três semanas depois, em vez do habitual prato fedido de farinha de milho, trouxeram ao calabouço uma panela com pedaços de carne. Miguel Ángel Báez e Modesto engasgaram, comendo com as mãos até se fartar. O carcereiro voltou a entrar pouco depois. Encarou Báez Díaz: o general Ramfis Trujillo queria saber se não lhe dera nojo devorar seu próprio filho. Do chão, Miguel Ángel insultou: 'Pode dizer a esse imundo filho da puta que morda a língua e se envenene'. O carcereiro começou a rir. Saiu e voltou, mostrando-lhes, da porta, uma cabeça de criança que segurava pelos cabelos. Miguel Ángel Báez Díaz morreu horas depois, nos braços de Modesto, de um enfarto. [...]"

O trecho acima é só uma das passagens perturbadoras do livro "A festa do Bode", do Mario Vargas Llosa, que mistura realidade e ficção pra contar a história da dominicana radicada nos EUA Urania Cabral, que retorna a sua terra natal pra visitar seu pai. Urania deixou Santo Domingo, capital da República Dominicana, quando tinha 14 anos e a cidade então se chamava Ciudad Trujillo, em homenagem ao "Pai da Pátria Nova", o bode da história, Rafael Leonidas Trujillo Molina.

De cara, a gente já saca que não é só isso. Urania não queria voltar. Agora com 40 e poucos anos e bem sucedida profissionalmente, ela ainda não entendeu exatamente porque quis voltar a pisar no país de onde ela praticamente fugiu, e que jurou que não pisaria nunca mais. Isso já é o suficiente pra que a gente queira continuar lendo, afinal o autor vai liberando os detalhes aos poucos, a história é contada meio que num estilo "flashback": a narrativa é não-linear, num momento estamos nos dias atuais, Santo Domingo, noutro estamos em 1961, Ciudad Trujillo. Nos dias atuais, acompanhamos Urania em seu momento-revival, revendo a cidade, o pai (que ela odeia e também não sabemos por que), as primas. Em 1961, acompanhamos os preparativos da conjuração para matar o bode Trujillo. 

E não é só o tempo que muda, mas os pontos de vista também. Nos dias atuais, acompanhamos Urania. Em 1961, acompanhamos todos os principais envolvidos no golpe de Estado fail. É, foi master fail, mas não vou falar aqui o porquê.

Peguei dois livros do Llosa pra ler durante as férias: "Travessuras da Menina Má" e "A festa do Bode". Comecei pelo da menina má e larguei. A leitura demorou a engrenar, achei o personagem muito fraco...Felizmente, dei outra chance pro livro, porque o final foi maravilhoso. Prometo que vou falar dele aqui depois. Mas durante essa pausa que dei no livro da menina má, li esse do bode e não consegui parar. O tema é forte, a narrativa é dinâmica - já que a cada momento é conduzida a partir do ponto de vista de um personagem diferente - os personagens são interessantes, com suas motivações, angústias, segredos...Acredito que seja tudo isso combinado que faz com que esse livro seja tão bom.

Mas da metade do livro em diante, é preciso sangue frio pra continuar. O trecho que citei aqui é um dos muitos que causam desconforto e revolta. Fiquei tão puta que fui pesquisar sobre a história da ditadura dominicana, ler sobre o Trujillo e o bando de putos puxa-sacos que trabalhavam pra ele, e o que aconteceu com os que participaram da tentativa de derrubá-lo, só pra ver se me sentia um pouco melhor. Não ajudou muito, não.

Não ajudou porque é uma história que se repete. Nós mesmos, na década de 1960, estivemos sob uma ditadura militar que matou um monte de gente e que tem histórias tão escabrosas quanto a do Miguel Ángel. Ditadura essa que durou 21 anos e que, vez ou outra no Facebook, vejo gente falando que não foi tão ruim assim, que o país era melhor naquela época, blah blah fucking blah. Tivemos ditaduras na Argentina, no Chile...E elas cooperavam entre si, dedurando e prendendo os considerados "subversivos", pessoas perseguidas por terem cometido o "crime" de falar mal do governo. Uma vez presas, eram torturadas e assassinadas brutalmente. Famílias continuam na luta por informações de seus entes queridos desaparecidos durante as ditaduras desses países até hoje, simplesmente porque seus governos não cooperam, não divulgando detalhes dessas prisões arbitrárias, ou conduzindo "comissões da verdade" que não levam a lugar nenhum.

Costumo tentar manter uma visão mais otimista em relação ao ser humano, mas histórias como essas me deixam....triste. Saber que tem gente capaz desse tipo de coisa me deixa triste. Me faz pensar no zilhão de coisas que acontecem no mundo que mostram o quão desprezíveis nós somos, como somos capazes de coisas terríveis, pelos motivos mais fúteis. Acho que já citei Voltaire aqui, falando que "o homem se torna mau como se torna doente", o que significa que ninguém nasce mau, e mais, que existe possibilidade de recuperação, de cura. E são tantos os exemplos de pessoas boas, gente que, sei lá como, sei lá por quê, foi boa, justa, caridosa, fez a diferença na vida de outras pessoas, fez a diferença no mundo...e morreu assassinada, tipo Gandhi. É foda...

Mas nem por isso vou perder a fé na humanidade, vai.

Então, fica a dica de leitura. Pra quem ainda não conhece a obra do Mario Vargas Llosa, pra quem já conhece mas ainda não leu esse livro, pra quem gosta de histórias que envolvem ditaduras sanguinárias, ou pra quem só quer mais um motivo pra se emputecer com os seres humanos cruéis e filhos das putas. Livro bom é livro que mexe assim com a gente, que perturba, instiga, faz rir, chorar, pesquisar a história no Google - sou doida mesmo, foda-se - infernizar a vida dos amigos falando dos personagens. Valeu muito a pena. Fiquei sem dormir direito por um tempo, mas valeu.

P.S.

Criei um perfil no Skoob e montei minha estante virtual lá. O livro sobre o qual falei neste post tá aqui e o link pro meu perfil pra que vejam minha estante tá aqui.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Death Proof

Não, eu não me esqueci da história de criar uma nova tag no blog só com as minhas trilhas sonoras favoritas. Tô trabalhando nisso, juro. Já tenho até uma listinha considerável aqui. Falta só a coragem de organizar tudo, pensar nos textos, ver se os links pra download ainda tão funcionando...

Enquanto isso, fiquem com esse trecho do filme "Death Proof", do meu queridíssimo Quentin Tarantino (em breve falarei sobre ele e seu novo filme, "Django Unchained" aqui no blog), uma excelente cena de lap dance (simplesmente AMO a cara do Kurt Russell nessa cena!) ao som de The Coasters, "Down in Mexico".

Enjoy ;)



quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Só louco



"...E eu não me contento com qualquer sorriso, não! Eu quero o maior do mundo! Na boca de um homem que não se contenha ao me ver. Que fique de boca seca ao sentir o meu perfume...E que não consiga tirar as mãos de cima de mim!"
Domitila de Castro Canto e Melo, a Marquesa de Santos,  
vivida pela atriz Luana Piovani na minissérie
O Quinto dos Infernos

Comprei recentemente o box dessa minissérie e um dos momentos mais aguardados por mim era essa cena, em que a personagem Domitila fala pro pai e pra irmã como é o homem dos seus sonhos. Lembro que assisti e pensei "É isso que eu quero!", mas a cada desilusão amorosa bate a dúvida: será que ele existe, afinal?
Arrebatamento. Deve ser muito legal gostar de alguém e permanecer numa boa, com os pés fincados no chão. Mas eu quero mesmo é perder o sono, o apetite, a vergonha, a cabeça! Quero me sentir desejada, protegida. Quero morrer de ciúmes, e que morram de ciúmes. Enfim, quero alguém que ame com a mesma sofreguidão que eu amo.
Acredito que esse seja o motivo pelo qual cobro demais, exijo demais das pessoas com quem me relaciono. Espero a mesma empolgação, a mesma avidez, e quando não recebo de volta, cobro. Insistentemente, diga-se. Se não surte efeito, me afasto, julgando a pessoa fria e insensível demais pra mim. Isso quando não é a pessoa que se afasta de mim, emputecida pelas minhas cobranças e exageros.
Que exista. Que esteja em algum lugar o homem sobre o qual Domitila falava. Ela tinha certeza de que ele existia, e pra ela, esse homem foi D. Pedro. O meu não precisa ser imperador. Basta ser louco como eu.

   


segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Linda


Você pode usar abrigos velhos e camisas furadas, que continuará linda.
Você pode acumular polainas nos tornozelos, que continuará linda.
Você pode vestir uma calça boyfriend e anular as curvas, que continuará linda.
Você pode calçar sandálias gladiadoras, insuportáveis até no carnaval, que continuará linda.
Você pode vir com roupão branco de judô, que continuará linda.
Você pode recorrer à boina de Che Guevara e bottons da revolução cubana, que continuará linda.
Você pode se travestir de brilhos, lantejoulas e peruca rosa, que continuará linda.
Você pode se apagar num maiô preto e recatado, que continuará linda.
Você pode se plastificar com capa de chuva, que continuará linda.
Você pode cruzar a bolsa no peito, que continuará linda.
Você pode mascar chiclete de boca aberta, que continuará linda.
Você pode combinar saia e tênis, que continuará linda.
Você pode se vulgarizar com unhas e cílios postiços, que continuará linda.
Você pode assumir colete com bolsos, que continuará linda.
Você pode sumir em pijamas longos e de bolinhas, que continuará linda.
Você pode masculinizar seus trajes, engrossar as sobrancelhas, que continuará linda.
Você pode cortar seus cabelos, zerar seus cabelos, pintar seus cabelos, que continuará linda.
Você pode se cobrir de burka e segredar a penugem loira do pescoço, que continuará linda.
Você pode passear de pantufas e adereços infantis pelos corredores da casa, que continuará linda.
Você pode pôr calcinhas cor de pele, que continuará linda.
Você pode se encher de pulseiras, colares e brincos, que continuará linda.
Você pode se furar de piercings e argolas, que continuará linda.
Você pode se deprimir, engordar, virar uma nécessaire de ansiolíticos, que continuará linda.
Você pode emagrecer demais, afinar os ossos dos ombros, que continuará linda.
Você pode adotar cicatrizes e barbear as veias, que continuará linda.
Você pode fazer tatuagens cafonas com ideogramas, que continuará linda.
Você pode cuspir na rua, desaforar no trânsito, brigar com garçons, que continuará linda.
Você pode não pintar o rosto, dispensar batom e lápis, que continuará linda.
Você pode se sonegar os melhores vestidos, boicotar cuidados, que continuará linda.
Você pode parar de dormir, chorar a noite inteira, que continuará linda.
Você pode adoecer no escuro do quarto, fechar as cortinas para os vizinhos, desistir do mundo, que continuará linda.
Você pode se piorar com todo o ânimo, falir a aparência com todo o empenho, apressar a velhice com toda a juventude, recusar a se colaborar com todo o orgulho, mas não tem como esconder sua beleza.
Ela vai aparecer de qualquer jeito.

Fabrício Carpinejar              

Fonte: crônica de quarta-feira do site Vida Breve