quinta-feira, 28 de novembro de 2013

A chatice dos "ismos" (e ódio, sexo, mentiras & videotape no Facebook)

Tive uma quarta-feira péssima. Não dormi direito, fui mal na prova de Direito Civil (agora só um milagre pra me salvar do exame; e se ficar de exame, SEI que vou ficar de DP)...Não me restou outra saída a não ser encher a cara no bar. Fiquei dando risada da cara dos são-paulinos que estavam assistindo o jogo e depois voltei pra casa pra jogar Candy Crush.

Ontem, cheguei a separar algumas coisas pra postar aqui, mas fiquei com preguiça (e tinha que estudar pra prova, mesmo que fosse inútil). Então, agora vai:

Save Ferris

"Ferris Bueller's Day Off" é um dos meus filmes favoritos, e o Ferris é o meu mestre, meu guia, meu Dalai Lama. Separei essa cena aqui porque tava numa conversa com uma amiga minha sobre socialismo, feminismo, machismo, esquerda e direita, e sempre lembro do Ferris dizendo que acha que "ismos não são bons", e que as pessoas deveriam acreditar nelas mesmas, tipo o John Lennon. Concordo plenamente, mestre Bueller.


Cadê fé na humanidade?

Eu, que sou sempre otimista otária, tenho visto tanta merda nazinternétis que receio estar perdendo a fé na humanidade.

Gente abandonando cachorro em avenida, botando pra fora do carro sem a menor cerimônia; homem babaca que posta vídeo íntimo de ex, que não aguenta a pressão dessa sociedade machista hipócrita e acaba se matando...Olha, não tá fácil.

E eu tava lendo um texto falando do espaço pra disseminação de ódio que se tornou o Facebook e, pouco antes de dar adeus ao mundinho da curtição do sr. Zuckerberg, vi isso aqui:

Fonte: Arte Destrutiva
Anos atrás, quando criei perfil no Facebook (e a galera ainda tava toda no Orkut), o grande barato da rede social era compartilhar coisa bacana que a gente ficava sabendo e queria que nossos amigos e familiares soubessem também, além, claro, de postar fotos de rolês daora, de animais de estimação, do que a gente quisesse. E hoje virou essa bosta, com vídeo de sexo vazando, foto de bandido decapitado, um salmo no meio disso tudo pra descontrair, "até que enfim é sexta!", e por aí vai. E é decepcionante ver o rumo que as coisas tomam porque antes, se eu quisesse evitar "chorumentário", era só não ler os comentários de internauta nas notícias do UOL e do G1. Mas infelizmente essas pessoas também tem Facebook, e fazem questão que a gente saiba que elas acham o humor do Danilo Gentili inofensivo, que odeiam o PT, que o Bolsa Família sustenta vagabundo e compra voto dos esfomeados do nordeste, essas merdas. Aliás, tem um texto bem bacana na CartaCapital sobre esse tipo de "pensamento" (sim, entre aspas, porque quem tem esse tipo de opinião não pensa).

Enfim, voltando ao lance da imagem aí de cima: eu tava puta, ia ficar longe do FB por um tempo, até ver essa imagem. Não foi o que me motivou a ficar, não. Mas é o tipo de coisa que faz a gente recuperar um pouquinho da fé perdida. Se tem gente que compartilha vídeo íntimo pra humilhar os outros, imagens de violência gráfica e toda sorte de mensagens de ódio e intolerância, também tem quem compartilhe coisa útil, bem humorada e conteúdo que faça as pessoas refletirem pelo menos por uns segundos sobre essas merdas todas acontecendo.

Pretendia falar mais a respeito dessa canalhice de vazar vídeo de sexo, mas o PC Siqueira é um lindo e fez um vídeo dizendo TUDO o que eu queria dizer.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Lenda

"Abel e Caim encontraram-se depois da morte de Abel. Caminhavam pelo deserto e reconheceram-se de longe, porque os dois eram muito altos. Os irmãos sentaram-se na terra, acenderam um fogo e comeram. Guardavam silêncio, à maneira das pessoas cansadas quando declina o dia. No céu assomava uma estrela que ainda não tinha recebido seu nome. À luz das chamas, Caim percebeu na testa de Abel a marca da pedra e deixou cair o pão que estava prestes a levar à boca e pediu que lhe fosse perdoado seu crime.

– Tu me mataste ou eu te matei? – Abel respondeu. – Já não me lembro; aqui estamos juntos como antes.

– Agora sei que me perdoaste de verdade – disse Caim –, porque esquecer é perdoar. Procurarei também esquecer.

– É assim mesmo – Abel falou devagar. – Enquanto dura o remorso, dura a culpa."
 Elogio da Sombra - Jorge Luis Borges

Tô num relacionamento sério com o volume 2 das Obras Completas do Borges que peguei na biblioteca da UMC semana retrasada. E na expectativa pra edição 2013 da Festa do Livro da USP, pra ver se acho livros dele e do Cortázar em conta lá.

Facts about cats

Curiosidades felinas.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Cisne Negro

Tô toda inspirada hoje (e não, ainda não dormi)...

O filme "Black Swan" é um dos meus favoritos, e prometo que qualquer dia falo dele aqui com mais calma. Definitivamente merece um post.

Mas esse post aqui vai ser só pra mostrar 3 das minhas passagens favoritas. Já que tenho postado trechos de livros, não custa compartilhar trechos de filmes também.

A sinopse e a ficha completa do filme estão aqui, by the way.


"You could be brilliant! But you are a coward!"

Já falei aqui no blog diversas vezes sobre o quanto costumo me autossabotar (alerta de auto-ajuda). Encontros que desmarco, eventos aos quais não apareço, entrevistas de emprego em que dou o cano, trabalhos da faculdade que começo e não termino...A lista é grande. E sim, é por medo. Assim como a Nina (Natalie Portman), sou covarde. Mas sei que se me esforçasse, se não me sabotasse tanto, se parasse de "choramingar", conseguiria ir mais longe. Então, quando a covardia grita e eu já tô pensando numa desculpa boa pra desistir, me lembro dessa cena:


"The only person standing in your way is you!"

Sim, quando a gente é expert em se sabotar, nosso maior inimigo é a gente. Hoje em dia, rola um papo facebookiano, principalmente entre as meninas funkeiras cujo mote é sempre "as inimigas": o "recalque" das inimigas que bate não-sei-onde e volta; "beijinho no ombro" pras inimigas...Bitches, please. Vocês não são os Power Rangers ou a She-Ra (já falei que sou louca pela She-Ra, né?) pra terem inimigas. Como diz uma frase num post anterior, as pessoas não estão contra você, mas a favor delas mesmas. O universo não conspira contra você. Na verdade, ele não poderia se importar menos com você. Então pára de ficar arrumando pretexto e vai à luta. It's time to let it go.


The Black Swan

O Thomas (Vincent Cassel) fala tanto pra Nina se soltar, deixar rolar, não se preocupar tanto em ser perfeitinha, que ela finalmente se liberta...Mas as consequências são trágicas. Nessa primeira cena dela como a "Nina do Lado Negro da Força", a gente percebe no olhar, na autoconfiança, na expressão facial, nos gestos, na leveza da dança...Natalie, SUA LINDA, você mereceu muitíssimo o Oscar por essa atuação! É como se REALMENTE estivéssemos de frente com a gêmea malvada do Cisne Branco (um minuto de silêncio pelos que falam "cisnei"...puta que pariu): a antagonista, a vilã. A transformação atinge o ápice nessa cena, e pra Nina esse foi o "point of no return". Me arrepio TODA VEZ na hora das asas.


No post que pretendo fazer sobre o filme, postarei mais cenas, além das minhas impressões a respeito delas, da história, de tudo. Eis um dos filmes que não canso de assistir.

Momento "frase para Facebook"

Independente do meu amado Gandhi ter dito isso ou não, taí algo que eu tento praticar sempre: harmonizar meus pensamentos, meus discursos e meus atos. E é difícil, viu. Mas se o resultado é felicidade, não custa tentar.


Fonte da imagem: O que te inspira?



quarta-feira, 20 de novembro de 2013

A ignorância é atrevida, arrogante etc.

"Há alguns dias, recebi mensagens de leitores que me pediam comentários sobre um trecho da entrevista concedida a um jornal capixaba por Sheila Ramos Vieira, que estuda medicina em Cuba. O trecho que motivou as mensagens é este: "No Brasil, com certeza, seria muito difícil para mim fazer um curso de medicina".

Quase todas as mensagens dos leitores citavam as "redes sociais", nas quais a frase da nossa estudante de medicina causava manifestações de alto grau de sentimentos primitivos (o ínclito filósofo Roberto Jefferson que me perdoe por roubar-lhe o nobre pensamento, expresso por ele em relação a José Dirceu quando denunciou o esquema do mensalão).

Costumo fazer o que me pede um dos meus filhos ("Não leia os comentários das notícias, pai; não envenene o fígado e a alma"). De fato, não fui atrás, porque o que foi transcrito nas mensagens que recebi bastava.

Os "especialistas" em língua portuguesa disseram o diabo sobre o "nível" da futura médica ("Como uma analfabeta pode ser médica?" e besteiras afins). Nem preciso comentar o aspecto ideológico desse besteirol, certo?

Posto isso, vamos nos concentrar na estrutura sintática da frase atribuída a Sheila. Vamos repetir a construção: "No Brasil, com certeza, seria muito difícil para mim fazer um curso de medicina". Nas mensagens perpetradas nas redes sociais pelos "especialistas" em língua portuguesa, condena-se veemente e rispidamente o "erro" no emprego do pronome oblíquo "mim", posto antes de "fazer", verbo no infinitivo.

Mas quem foi que disse que esse tipo de problema se resolve pela posição dos termos? Quer dizer que não se pode, de jeito nenhum, usar o pronome "mim" ao lado de um infinitivo?

O problema não é de lugar, de posição; o problema é mesmo sintático (morfossintático, para ser mais preciso). Na língua culta, o pronome "mim" não funciona como sujeito, o que explica por que nesse registro não ocorrem construções como "Ela fez o possível para mim ficar aqui". Nesse caso, no lugar de "mim", ocorre o pronome reto "eu", que funciona como sujeito de "ficar".

É muito fácil perceber por que esse "eu" é sujeito de "ficar". Um dos caminhos é trocar "eu" por "nós" ou "eles", isto é, por um pronome reto plural. O que acontece com o verbo? Varia: "Ela fez o possível para nós ficarmos/para eles ficarem aqui". Outro caminho é trocar "para" por "para que": "Ela fez o possível para que eu ficasse aqui". Percebeu? O pronome "eu" permanece na frase, agora como sujeito de "ficasse".

Na frase de Sheila, o que há é apenas o emprego dos termos na ordem indireta, o que faz o pronome "mim" encostar em "fazer", o que, para os afoitos, já basta como prova do "erro". Não há erro algum, caro leitor. Esse "mim" é "mim" mesmo, já que não está ligado ao verbo "fazer", por isso não pode ser o seu sujeito. Esse "mim" está ligado ao adjetivo "difícil" ("tal coisa é difícil para alguém").

Vamos dispor os termos em outra ordem? Vamos lá: "Fazer um curso de medicina no Brasil com certeza seria muito difícil para mim". E agora? Alguém se atreveria a trocar esse "mim" por "eu"? Algum dos nobres "especialistas" diria "Fazer um curso de medicina no Brasil com certeza seria muito difícil para eu"? Francamente...

Em tempo: o "corretor" do Word também mete os pés pelas mãos... Rarará! Na frase de Sheila, o dito grifa o pronome "mim" (o grifo some quando se troca "mim" por "eu").

Não há erro algum na frase da nossa futura médica. O erro está na prepotência, na ignorância e na arrogância dessa turba raivosa. É isso.
"
 Pasquale Cipro Neto para FOLHA DE S. PAULO

Embora meu português não seja lá essas coisas, quando alguém se acha no direito de passar lição de moral sobre o que quer que seja escrevendo de um jeito quase ininteligível, na boa: mando se foder e voltar pra escola.

Mas ao invés de partir pra agressão gratuita fazendo uso desse tipo de artifício, tentando ridicularizar e, assim, descredibilizar quem cometeu o erro, o que eu faço é justamente apontar falhas nos discursos de quem acha que tá arrasando, fazendo um puta dum sucesso com sua "opnião" que "concerteza" vai receber várias curtidas no Facebook e acabar com a festa, me tornando a arrogante da vez.

Digo isso por conta de um episódio envolvendo dois de meus colegas do curso de Direito. Um deles me marcou numa publicação em que comentava sobre as prisões da AP 470, o "Mensalão". Marcou também esse cara, um certo desafeto meu. Long story short, num dado momento da discussão me irritei com o fato de que ele só sabia falar coisas desconexas, e meu colega e eu realmente não entendíamos o que ele tava dizendo. "Petista agora só diz isso...kkkkkk....não sabe de nada....chora PT!", ao que nós insistíamos "Na boa, a gente não entendeu o que você quis dizer antes...A gente não sabe do que você tá falando!". E ele continuava: "O Maluf falou a mesma coisa! kkkkkkk E agora o Lula também...kkkkk...é só o que petista sabe dizer mesmo!". Não ia adiantar discutir. Aí eu postei esse vídeo:


Eis que o burro (vou me referir assim a ele a partir de agora) só viu o vídeo ontem, e claro, não deixou barato. Tá lá se acabando de falar de mim, aquele mesmo mimimi de aluno de Ensino Médio zoando nerd na sala: que eu sou a nerd sem amigos que não tem vida social, que sou arrogante, que me acho melhor que os outros, que sou motivo de piada na sala de aula, que meu "falso intelectualismo" não engana ninguém etc.

Meu colega ficou mais indignado que eu: veio falar comigo depois da aula, se dizendo chocado com o nível a que a discussão chegou. Falei pra ele deixar quieto, ainda dei mais uma resposta pro burro (no mesmo nível dos comentários dele) e pronto.

Ele fez uso de muita coisa que tinha o objetivo de me ofender, o que descaracterizou completamente o debate. Fez uso daquela tática básica de atacar o argumentador e não o argumento. Me irritei e o chamei de burro, ao que ele revidou despejando todos as piadinhas de estereótipos possíveis de serem usadas nessas horas. Danilo Gentili would be proud.

Nem sei por quê tô falando disso aqui porque tô puta, mas a verdade é que vejo de maneira distinta os dois casos. No caso contado pelo Pasquale, o intuito de quem criticou a estudante de Medicina era claramente ridicularizá-la, tirando o crédito do que ela dizia ("Como uma analfabeta pode ser médica?"), o típico ataque ao argumentador sobre o qual falei. Enquanto eu, criticando o burro e quem quer que seja que age como ele, combato os argumentos, só fazendo uso desse artifício (apontar erros de português) como defesa, quando meu interlocutor se acha no direito de dar lição de moral, quando a ignorância e a arrogância falam tão alto que saem absurdos como "O [ministro do STF] Luis Roberto Barroso...não sei o que aquele cara tá fazendo lá! Nem tem  notável saber jurídico! Não sabe nem usar o plural!". Você vai rebater a crítica, o colega concorda contigo mas o burro não pára: "Me sinto lisongiado (sic) kkkkkkkk se juntam os dois e não dá um kkkkkkk". Um ministro do STF não é digno do cargo porque não sabe usar o plural, mas você escreve errado pra caralho, num discurso vazio e nonsense, e eu tenho que te respeitar? Olha...Né fácil, não.

Não corto o cabelo em salão cuja placa diz "cabeleleiro", nem compro fruta em quitanda que diz que vende "melância". Até já falei aqui de ex-peguete loser que não sabe escrever e de ex-affair cuja namorada escreve "enteressada", "anciosa" etc. Mas isso por ser uma implicância MINHA (quando não é puro despeito por saber tanto e ser tão culta e ler tanta coisa, e nada disso servir pra manter por perto quem eu gosto). É o mesmo tipo de implicância que tenho com livros de auto-ajuda, ou do Paulo Coelho, por exemplo. Encaro como um defeito, mas nunca faria uso disso numa discussão, tipo "Ah, como alguém pode comprar panos de prato de uma analfabeta?". Me poupem. Isso é digno de "chorumentário" de portais como o G1 e o R7.

Tudo indica que vou continuar sendo a persona non grata da classe, com fama de arrogante por essas e outras discussões. Mas prefiro usar as mesmas armas da turba raivosa contra ela do que tentar ter uma discussão produtiva com gente incapaz de tecer um comentário sem um ataque pessoal no meio, achando que assim sai por cima no fim da debate. Por mais burro que seja, não deve ser difícil sacar quando as pessoas simplesmente cansam de responder e desistem, justamente por saber que seu déficit cognitivo o impede de ver o quão estúpido e vazio seu discurso é. Prepotência, ignorância e arrogância também (e principalmente, diria) acomete pseudointelectuais.
 

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Earworm

Tempos atrás, li na Superinteressante (sempre ela, né?) que aquele lance de ficar com uma música na cabeça, repetindo o mesmo trecho all the time, e que a gente simplesmente não consegue evitar se chama "earworm".

O meu earworm dessa semana é uma música do Los Hermanos, banda que eu não gosto. E como a matéria diz que a gente tem que cantar a música pra se livrar do efeito looping, here I go:


Em tempo: a matéria da Super esclarece que o tal fenômeno é como uma "coceira cerebral", mais suscetível em mulheres (não se sabe o motivo), e que músicas repetitivas, com oscilações na voz ou frases marcantes são as mais grudentas. Pra quem quiser, a matéria completa tá aqui.

"...E até quem me vê
lendo jornal
na fila do pão
sabe que eu te encontrei..."

Droga. Maldita coceira.