quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Uma definição

[...]O Amor é finalmente
Um embaraço de pernas,
uma união de barrigas,
um breve temor de artérias.
Uma confusão de bocas
uma batalha de veias,
um rebuliço de ancas,
quem diz outra coisa, é besta.

Definição do Amor - Gregório de Matos


sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Um reencontro

Hoje tive meu reencontro com São Paulo. Com o centro de São Paulo, pra ser mais exata.
Morando no que chamam de Grande São Paulo - municípios que fazem parte da capital, mas que não fariam nenhuma falta se não fizessem -, e estudando ou trabalhando na zona sul nos últimos anos, há tempos não sabia o que era flanar pelo centrão da cidade. Flanar em termos.

Tinha lugar pra ir, tinha horário, tinha compromisso. Mas tava com o "foda-se" ligado em modo stand-by, saca? Então, entre um compromisso e outro, zanzei legal pelo Vale do Anhangabaú, República, Parque Dom Pedro...Nossa, lembrei de tanta coisa. E foi aí que o bicho pegou.

Semana que vem, dia 11 especificamente, completo 27 anos. E quando ando pelo centro de São Paulo como andei hoje, lembro dos meus primeiros trampos, dos meus primeiros rolês all-by-myself, das compras na Galeria do Rock, nos momentos de introspecção-religiosidade-peace-and-quiet na Basílica de São Bento ou na Catedral da Sé. Já conversei com mendigo, já andei sem eira nem beira nos arredores do Teatro Municipal à noite com o cu na mão (e NUNCA fui assaltada), já comi X-Tudo e tomei suco de laranja em um monte daquelas lanchonetes do Largo Paissandu, da 24 de maio, da Dom José de Barros. Já peguei a fila do 140 da Barão de Itapetininga pra entregar currículo, já fotografei o Teatro Municipal à noite pra disciplina de Fotojornalismo da faculdade (as fotos que tiramos no centro aquela noite não ficaram boas, então meus amigos e eu voltamos outro dia e fotografamos novamente só pra ter o pretexto de andar no centro a noite e depois ir pra balada). É muita coisa, muita lembrança, muita gente. Trabalhava na Líbero Badaró e ia a pé até o Parque Dom Pedro pegar busão pra voltar pra casa. Bebia na Augusta e ia até o Anhangabaú pegar metrô (mas antes, vamos levar a colega até o ponto do ônibus dela...na São João?). Entregava currículo em tudo o que era agência da Barão, da 7 de abril, da Marconi...E depois ia pro Shopping Light flanar sem um puto. Shopping Light onde eu me encontrava com meu ex-namorado pra ir pra casa dele (o ônibus Parque Continental passa ali perto...acho). Um passeio no túnel do tempo pelo preço de um bilhete unitário.

Não sei se a nostalgia é por conta do meu cumpleaños, se é porque tô velha e tomando consciência disso, não sei. Só sei que reencontrar o centro de São Paulo, o MEU centro de São Paulo - com todo o barulho, o povo apressado, a sujeira, o (mau) cheiro e a aparente desordem (sim, a desordem é só aparente; o centro de São Paulo tem sua ordem, mesmo que desordenada) - que guardo com tanto carinho nas minhas recordações, fez meu dia feliz. "There's no place like home", já disse minha amiga Dorothy. E o centrão de SP é o meu lar sem nunca ter sido.