domingo, 26 de maio de 2013

Top 5 - Declarações de amor

Logo, logo chega o Dia dos Namorados, e enquanto tem gente que vai gastar uma grana com presente e depois ainda encarar um jantar romântico + fila no motel por um quarto com hidro, eu...Bem, vejamos...Dia 12 de junho cai numa quarta-feira, certo, produção?...Então, vou trabalhar. E se ainda não estiver de férias da faculdade, vou pra aula de Direito Processual do Trabalho (que odeio com todas as forças do meu ser).

Mas sou romântica. Como a personagem da Mila Kunis no filme "Amizade Colorida" (tava revendo esse filme ontem, por isso tô usando como exemplo), às vezes queria que a vida fosse como nos filmes de amor: demonstrações públicas (e cafonas) de afeto, as pessoas simplesmente abrindo o jogo e dizendo o que sentem, sem todo esse protecionismo sentimental babaca, esses joguetes que odeio tanto porque não sei jogar. O amor existe, porra! Pode não acontecer pra mim pra algumas pessoas, mas existe! Por isso escrevem sobre ele, fazem filmes sobre ele, cantam sobre ele. E aí me veio a ideia do Top 5.

Essas 5 músicas foram escritas por homens que estiveram ou estavam apaixonados quando as escreveram. E, na boa? Esse é o tipo de coisa que você não cria se nunca sentiu, se não sabe como é. Não seria composta por encomenda, ou porque o disco precisava de um nº X de faixas e tinha que entrar qualquer coisa no lugar. Os caras amaram ou tavam amando-muito-por-demais. E precisavam dizer, precisavam que elas soubessem, que o mundo soubesse. E isso é FODA LINDO.

Foi então que incorporei o Rob do livro/filme "Alta Fidelidade" e resolvi fazer um Top 5 das músicas que são as declarações de amor mais lindas que já ouvi. E, claro, que eu queria que fossem dedicadas pra mim, e que acredito que muita mulher por aí borraria o rímel com uma homenagem dessas. Numa época em que as mulheres acham que romântico é o Roberto Carlos cantando "Esse cara sou eu", um post desse é quase um serviço de utilidade pública.

Então, como diria Goulart de Andrade, vem comigo:



5. Ain't no Sunshine (When She's Gone) - Bill Withers


Durante minhas pesquisas, descobri que o Bill Withers foi inspirado por um filme chamado "Days of Wine and Roses", história triste de um casal que vive um triângulo amoroso: o marido, a esposa e o álcool. Bill disse que "às vezes, sentimos falta de coisas que não foram particularmente boas pra nós", e que foi algo que passou pela cabeça dele enquanto assistia ao filme, "e provavelmente algo mais que aconteceu na minha vida e que eu ainda não havia me dado conta". Vai ver era alguma ferida amorosa cicatrizada que deu uma descascada vendo o filme, né, Bill?


Trecho pra chorar: "Ain't no sunshine when she's gone/ Only darkness everyday/ Ain't no sunshine when she's gone/ And this house just ain't no home/ Anytime she goes away"



4. She - Elvis Costello

Escolhi essa versão - regravação de 1999, e que aparece na trilha sonora do filme "Notting Hill" -  porque gosto mais do Elvis Costello que do intérprete original. Composta por Herbert Kretzmer em parceria com Charles Aznavour, e feita pra ser tema de uma série de TV britânica, embora com um propósito específico, a música fala da mulher aos olhos do homem que a ama. E quando perguntaram pro Aznavour de onde ele tirou inspiração pra música, ele respondeu "da vida". E completou:  "Busco retratar as almas humanas. Não crio pessoas ou problemas pras minhas músicas". Se tinha uma musa inspiradora, certamente ela se rendeu aos seus encantos, Charlie.


Trecho pra chorar: "Me I'll take her laughter and her tears/ And make them all my souvenirs/ For where she goes I've got to be/ The meaning of my life is...she"



3.  My love - Paul McCartney


Sou suspeita pra falar do Paul. AMO MUITO. E ele é um cara inspirado: já fez música até pra cachorro. Mas falar de amor é algo que ele manja muito, e a musa inspiradora dele foi uma mulher muito muito muito feliz com tantas homenagens lindas. Não vou precisar falar da música porque ele mesmo vai dizer - e em português! ♥ - pra quem ele fez.



"Eu escrevi essa música para minha gatchinha Linda!"

Trecho pra chorar: "Don't ever ask me why/ I never say goodbye to my love/ It's understood/ It's everywhere with my love/ And my love does it good"



2. Something - George Harrison


Considerada uma das músicas mais lindas dos Beatles - ninguém menos que Frank Sinatra se referiu a ela como sendo "a melhor canção de amor dos últimos 50 anos" - foi composta pelo George Harrison, na época casado com Pattie Boyd. Ele disse que não foi pra ela que ele fez, ela disse que ele disse que foi...Não sei, não sei. O fato é que é uma música lindíssima, e que depois (e talvez em razão disso ele negue ter escrito a música pra ela) o cara perdeu a mulher pro amigo, amigo que também é músico e que compôs, tendo como inspiração a mesma mulher, a música nº 1 do meu Top 5. Pattie Boyd, you lucky bitch...



Trecho pra chorar: "Something in the way she knows/ And all I have to do is think of her/ Something in the things she shows me/ I don't want to leave her now/ You know I believe and how"



1. Wonderful Tonight - Eric Clapton


Sei nem o que dizer sobre essa que é uma das músicas mais lindas que já ouvi na vida. Eric compôs essa música enquanto esperava Pattie Boyd se arrumar pruma festa organizada pelo casal da música nº 3, Paul e Linda. Lembrando que Pattie se separou do compositor da música nº2, George Harrison, pra ficar com o Eric, e que os dois, Eric e George, continuaram sendo amigos depois do que houve.



Trecho pra chorar: "I feel wonderful, because I see/ The love light in your eyes/ And the wonder of it all/ Is that you just don't realize/ How much I love you"



E é isso. Listas são sempre polêmicas, então tenho certeza que tem quem discorde, quem ache que tem música muito mais bonita que ficou de fora, que fui injusta na ordem em que organizei a lista, quem prefira Thiaguinho cantando "Eu sou o cara pra você". Mas a ideia aqui é inspirar: se tá apaixonado(a) e tá com a pessoa que te faz feliz, diga, MOSTRE sempre que tiver chance. Tão aí algumas dicas e não precisa de um dia no ano pra fazer isso. 
É amor platônico? DECLARE-SE. Você nunca vai saber se não tentar. 
Li em algum lugar que sabemos que estamos apaixonados quando as canções de amor passam a fazer sentido pra nós. Que esse seja o caso de você que está lendo isso agora. E se não for, que ao menos as histórias das canções (e livros, e filmes...) sirvam de alento até que chegue o momento. Pra não perder a fé. É pra isso que elas tem servido pra mim, pelo menos.


Baby, it's cold outside

Tava vendo o clipe novo da dupla She & Him - fofinho como sempre - e lembrei que eles fizeram um versão de uma música que sempre achei bonitinha: "Baby, it's cold outside".

Procurando no Youtube os vídeos pra postar aqui, vi que muita gente já cantou essa música, mas a versão que eu conheci foi a do Ray Charles cantando com a Betty Carter.




Tá, não é só porque acho bonitinha toda essa história da mocinha sozinha com o namorado na casa dele, tentando se despedir enquanto ele tenta convencê-la a ficar um pouco mais. Vai parecer bem besta o que vou dizer, mas tem um trecho dessa música que sempre me faz rir: é a hora que a Betty canta: "baby, can't you seeeee". Porra, o Ray era cego, claro que ele não ia conseguir ver. Falei que era bem besta...

Não sei ainda o que acho da voz da Zooey Deschanel. Como eu falei, tudo o que a dupla faz é bem cute, mas...A voz dela...sei lá. Qualquer dia falo mais dela e do trabalho da dupla aqui. Por enquanto, fiquem com a versão do She & Him pra "Baby, I'ts Cold Outside":






terça-feira, 21 de maio de 2013

CCR + FF = Rrrrrrrock!

Enquanto não decido se encerro o blog, se saio da faculdade e viro revendedora Jequiti, se assalto um banco e fujo pra alguma ilha paradisíaca, vou postando pequenas coisas que tornam minha vida menos miserável.

A de hoje é a nova versão de um clássico FODA do Creedence Clearwater Revival. Fiquei sabendo pelo Twitter da Rolling Stone gringa que o John Forgety se juntou com alguns artistas pra gravação de um álbum, "Wrote a Song for Everyone", que sai agora no fim do mês. E adivinhem quem tá entre os colaboradores do álbum? O Foo Fighterrrrssssss!!! ♥



Mas o mais legal é que Forgety convidou Grohl e companhia pra dar cara nova pra uma das melhores músicas do CCR: Fortunate Son!


era foda, certo? Escutem só como ficou:


Bom demais, fala sério...
  
Pra quem quiser ler a notícia no site da Rolling Stone, o link tá aqui. E pra quem quiser ouvir essa nova versão de "Fortunate Son" em estúdio, o link tá aqui.

Dave Grohl lindo sempre fazendo a alegria da gente. Love you, Dave! ♥

terça-feira, 7 de maio de 2013

Citações

Ele, de novo. Caio F. tem me acompanhado há uns dias. Separei algumas passagens do livro que reúne cartas enviadas pelo escritor para amigos, amantes, parentes.
Qualquer semelhança com my fucked up way of life não é mera coincidência.

Sobre rejeição:
"[...] Tivemos um dia lindo — com direito a sauna Nikkei e massagem (Akira sapateou em cima de mim, me virou para a esquerda e para o avesso). Jantamos num japa, saímos duas xuxas para ver Drácula. E então, em casa, ele me rejeitou mais uma vez. Me adora, morre de carinho & respeito & admiração. Mas: SEXO NÃO. Eu fiquei chorando no escuro, enquanto ele decidia dormir na sala. Eu fiquei olhando aquelas estrelinhas no céu do quarto, sem entender nada. Tive vontade de ir de mansinho até a cozinha e abrir o gás. Talvez matá-lo também? Tive vontade de pegar uma faca na cozinha e enfiar no coração dele, depois no meu. Tive vontades Maria Bethânia, vontades Maysa, vontades Fassbinder — teatrais, melodramáticas. Me limitei a escovar os dentes, me masturbar pensando nele, e dormir.[...]

[...] Então um lado meu pensa: é sina, é fado, é destino, é maldição. Outro lado pensa: não, é mera neurose, de alguma forma sutil devo construir elaboradamente essa rejeição. Crio a situação, e ouço um não. Desta vez, eu tinha tanta certeza. E penso: os deuses me traíram, os búzios me atraiçoaram, as cartas me mentiram. E me sinto velho e cansado, e tiro toda a roupa preta guardada nos armários — e tudo não deixa de ser teatral, meio engraçado. Mas há também uma dorzinha verdadeira no fundo. A pequena gota de sangue, como um rubi. E me baixa o peso do tempo, e dos meus 38 anos, e dos cabelos caindo, e de tudo indo embora e fugindo e se perdendo — e o amor sem acontecer, quando estou assim todo maduro, e limpo, e pronto, e luminoso como uma maçã no galho, pronta para ser colhida. Ninguém estende a mão para a maçã, pouco antes de começar o processo de apodrecimento.[...]

[...] E penso: sou feio, então, sou desagradável, é isso, é isso — é só isso, sou incapaz de inspirar qualquer erotismo em alguém. Fico me ferindo, mas também dou voltas e penso: não, não é nada disso, sou legal, sou mansinho, sou até bonitinho. E penso tantas e tantas outras coisas, mas o real não se modifica. E o real, parece meio grosso dito assim, mas no fundo é isso mesmo — o real é: R. não quer trepar comigo de jeito nenhum.
Como dói."
 Sobre a solidão/ o amor:
" [...]Estou me transformando aos poucos num ser humano meio viciado em solidão. E que só sabe escrever. Não sei mais falar, abraçar, dar beijos, dizer coisas aparentemente simples como “eu gosto de você”. Gosto de mim. Acho que é o destino dos escritores. E tenho pensado que, mais do que qualquer outra coisa, sou um escritor. Uma pessoa que escreve sobre a vida — como quem olha de uma janela — mas não consegue vivê-la."
""[...] A solidão às vezes é tão nítida como uma companhia. Vou me adequando, vou me amoldando. Nem sempre é horrível. As vezes é até bem mansinha. Mas sinto tão estranhamente que amor acabou. [.. .] Repito sempre: sossega, sossega — o amor não é para o teu bico."
Sobre expectativas x o tempo:
 "[...]Mas tão, tão modesto. Assim, sa’s, uma PUTA expectativa cercada por todos os lados de desilusão. Que nem calda de chocolate em bolo. Só a casquinha. Já não dói muito. Assisto como a um filme onde só por acaso sou personagem. Tenho lembrado demais deste poema de Adélia Prado:
'quarenta anos não quero a faca nem o queijo
quero a fome.'

Porque é um pouco assim que a gente vai ficando, pura expectativa há anos (muitos) não satisfeita. De repente, você começa a ponderar se não será assim mesmo o jeito das coisas, o jeito “certo” delas, por mais que pareça errado. Melancólico? Não sei bem. Talvez seja o jeito das coisas, só isso. Chega-se no zen? Ou esse apenas o lado mais artístico de uma solidão quase tão grande quanto a daquelas velhas tias solteironas, que ao invés de escreverem ficção faziam docinhos, bordavam toalhinhas? Coisas assim.
Que seja doce — repetem os dragões. Que seja doce, e será.[...]" 
E são muitas as passagens, e muitos os risos, e muitas - e dolorosas - as coincidências. Os medos. As dúvidas. "Queria consultar búzios, runas, pai, mãe, de santo ou não, qualquer coisa que me APONTASSE O RUMO, caralho". Eu também, Caio. Eu também.

Esse livro e outras obras do Caio Fernando Abreu pra download você encontra nesse site aqui.


Stay


"You know, the day I did it, I took two razorblades to the bathtub. You know why? Because I knew that once I started to bleed, I'd get weak. And I didn't wanna drop one blade and leave myself half done. Can you imagine that? Can you imagine hating your life so much that you'd wanna bring a backup razor?"

Falaria mais sobre o filme, sobre suicídio, sobre lâminas e dores e desistências e histórias que se repetem sem que a gente possa mudar o final infeliz. Mas é tarde, está tarde.
Pra quem quiser, a ficha técnica do filme - belíssimo filme, diga-se - tá aqui.

domingo, 5 de maio de 2013

Doida demais


Sou doida. Maluca. Estranha.
Já me chamaram de tanta coisa...
E na boa? Todo mundo tem razão.

Eu falo sozinha. Mas não é o falar sozinha "normal" (oi?), é me imaginar falando com alguém (a companhia varia) e imaginar a pessoa respondendo, me perguntando coisas, interagindo. Sério.
Sei lá, podem achar que é sintoma de solidão, que sou tão sozinha-solitária-forever-alone que, do alto dos meus 30 anos, tenho amigos imaginários. Não é isso. Acho. De fato, às vezes passo por coisas bem fodas e não tenho com quem conversar. Mas na maioria das vezes eu prefiro falar sozinha do que com as pessoas. Vai ver é porque na minha cabeça a conversa é mais agradável, já que eu já sei as perguntas que vou fazer, as respostas que vou dar...

E é coisa que vem da infância mesmo. Contava histórias que inventava pra minha tia, pra todo mundo que quisesse escutar. Nem precisava querer, bastava tá lá dando mole que lá ia eu contar história com pônei, com a Moranguinho e tudo que fizesse parte do meu imaginário na época. Sempre fui de falar muito. Aí quando não tinha ninguém pra ouvir, eu contava pra mim mesma. Daí que deve vir essa coisa de querer contar histórias, ensinar coisas, escrever...

Enquanto me subestimo, superestimo os outros. Principalmente os caras por quem me apaixono. Acho eles o máximo, por mais fodidos que eles sejam. Vou sempre achar adjetivos, vou sempre inflar o ego deles enquanto me boto pra baixo pensando "o que um cara MA-RA-VI-LHO-SO desse tá fazendo perdendo tempo com alguém como eu?". Aí já viu: de tanto eu achar isso, e falar isso, e me comportar assim, eles caem na real e vão embora. E vou pensar sempre que a culpa foi minha, que é porque não sou atraente o bastante, inteligente o bastante, boa o bastante pra ser namorada deles. Além disso, vou passar um tempão atormentando amigos, mostrando foto das namoradas dos caras, "ela é mais bonita que eu?", "por que ele preferiu ela?", achando mil defeitos nelas, como se eu não tivesse nenhum. Ké dizê: quando tô ficando com eles, não sou boa o suficiente pra eles; mas quando eles não me querem mais, quando preferem ficar com as namoradas, imediatamente passo a ser a pessoa certa pra eles. Tipo, "COMO ELES CONSEGUEM ABRIR MÃO DE ALGUÉM TÃO LEGAL?!". Pois é...

 

São muitas as manias, as loucuras, os sintomas.

Tomo banho de óculos, durmo com bichos de pelúcia, em especial um cachorro marrom com manchas pretas, brinquedo popular dos anos 80/90, o Snif-Snif. Dormir com ele não é nada, o lance maluco é que eu cubro ele quando saio da cama de manhã pra ir trabalhar. Já podem imaginar que eu nem choro feito criança assistindo Toy Story 3, né...

História de gente maluca me fascina: gente dramática, gente desobediente, gente escandalosa. Gente que comprou briga com meio-mundo pra viver do jeito que queria, sem se importar com a opinião de ninguém. Gente que mesmo vivendo pouco, no melhor estilo "antes 10 anos a 1000 km/h que 1000 anos a 10 km/h" aproveitou muito bem o tempo que teve, viveu intensamente as alegrias, as tristezas e tudo mais que veio junto.

Não como frutas, tiro as uvas passas das granolas antes de misturar no açaí, uso sempre o mesmo par de brincos pra fazer prova, pego trem/metrô sempre no mesmo lugar da plataforma e procuro sentar sempre no mesmo banco. Outro dia, fui devolver livro na biblioteca da faculdade. Enquanto estava na fila, vi uma menina devolvendo um dos meus livros favoritos, "Da desobediência civil e outros ensaios", do Henry David Thoreau, e me mordi de ciúmes, do tipo "o que essa biscate tava fazendo com meu livro?!" de ciúmes. Difícil...

Peguei o buquê no último casamento em que fui. Já viu: todo mundo dizendo que serei a próxima. 

Não dou muita importância pra quem fala que, no momento certo, vai aparecer a pessoa certa pra mim. Viu a bucha que a tal "pessoa certa" vai ter que segurar? É exigir muito de alguém. Esperar por esse príncipe encantado que não tem medo de gente doida, na minha idade, é ser otimista além da conta.

Já falei aqui: sou a personificação do excesso. E isso me rendeu - e rende - muitas decepções ao longo do caminho.

Anda do meu lado quem aguenta os rompantes de raiva e carência, quem não se importa com a avalanche de reclamações, quem não tem medo da metamorfose ambulante, do choro com e, principalmente, sem motivo, dos exageros, das manias, do ciúme, das cobranças. Por isso são tão poucos: é tarefa hercúlea.

Já tive inveja de gente "normal". Ainda tenho, às vezes. Mas já não sei me portar de outro jeito. Vez ou outra aparece gente na minha vida que até vale o esforço, mas o meu normal é tão fake, tão made in paraguay, que o encanto dura pouco e a pessoa foge assim que percebe a roubada em que se meteu. "Não é você, sou eu...". Ahã. Tá.

São muitos os nomes que me dão. Erasmo de Roterdã até já escreveu um livro sobre a minha "enfermidade". E é normal que cause estranheza, que rejeitem, que evitem, que fujam. "My reality is just different from yours". Mas quer saber? Mesmo com toda a angústia e a solidão advindas da incompreensão, mesmo com toda a dor e a tristeza oriundas da rejeição, ser maluca tem suas vantagens. A principal - e a que eu mais gosto - é que ninguém ousa nos contrariar. ;-)


"Os nossos planos são absurdos
Tipo gritar no ouvido dos surdos
Mas todo mundo que é genial
Nunca é descrito como norma
l"

 

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Sonata ao Luar


Cena de um dos meus filmes favoritos, "My Imortal Beloved". Podia falar aqui o quanto esse filme é lindo, o quanto o Gary Oldman é talentoso, o quanto Beethoven era genial, o quanto gosto dessa música...Mas não tô a fim.

Acredito que o mais lindo nessa cena é justamente a falta de diálogo: um pianista quase surdo, cuja perda do sentido mais precioso pra ele é motivo de vergonha, de tristeza; a dor da ironia que faz com que alguém tão talentoso seja desprovido justamente do sentido que, nele, deveria ser o mais apurado.

E só pra constar: quando compôs a 9ª Sinfonia, "Ode to Joy", Beethoven já estava completamente surdo. Outra cena lindíssima do filme, aliás:


E o título do filme remete ao mistério envolvendo uma carta encontrada entre os pertences do Beethoven. O nome da amada imortal ele levou pro túmulo, mas a carta tá num museu em Berlim:

"Meu anjo, meu tudo, meu próprio ser – Hoje apenas algumas palavras à caneta (à tua caneta). Só amanhã os meus alugueres estarão definidos – que desperdício de tempo… Por que sinto essa tristeza profunda se é a necessidade quem manda? Pode o teu amor resistir a todo sacrifício embora não exijamos tudo um do outro? Podes tu mudar o fato de que és completamente minha e eu completamente teu? Oh Deus! Olha para as belezas da natureza e conforta o teu coração. O amor exige tudo, assim sou como tu, e tu és comigo. Mas esqueces-te tão facilmente que eu vivo por ti e por mim. Se estivéssemos completamente unidos, tu sentirias essa dor assim como eu a sinto. [...] Nós provavelmente devemos nos ver em breve, entretanto, hoje eu não posso dividir contigo os pensamentos que tive nos últimos dias sobre minha própria vida – Se os nossos corações estivessem sempre juntos, eu não teria nenhum… O meu coração está cheio de coisas que eu gostaria de te dizer – ah – há momentos em que sinto que esse discurso é tão vazio – Alegra-te – Lembra-te da minha verdade, o meu único tesouro, o meu tudo como eu sou o teu. Os deuses devem-nos mandar paz… Teu fiel Ludwig"

Bonito, né? Agora já posso ir pra cama com um pouco mais de forças pra encarar o mundo novamente daqui algumas horas.