sexta-feira, 11 de março de 2011

Para Ana

São 3h30 da manhã, tô com sono e ainda não fui deitar não sei por quê. E como não tô a fim de exercitar minha morbidez erótica vendo filme pornô com atriz que já morreu (a Eliza Samudio, by the way, tinha tanto sex-appeal quanto a samambaia seca da minha tia), fico lendo. Leio os jornais, visito alguns blogs...Coisa de menina véia besta e insône.

E tava pensando no que você passou ontem no seu trampo, e nas mil vezes pelas quais passei por isso nos meus, e em quanto essa incerteza em relação ao amanhã é filha da puta. Logo com a gente, que é legal pra caraaaamba. E "phyna", como você diz. Aí eu fico tentando achar justificativa pelo menos pra minha desventura. Vejo filme, leio poema, ouço música. Aquele discurso todo de "God works in mysterious ways" e o Gonçalves Dias dizendo "Deus não dá mais peso do que aquele que podemos carregar!". Então de lá de cima Deus não sabe diferenciar gente de formiga, e me faz carregar 50 vezes meu peso. Ou vai ver o Constantine tem razão quando diz "God is a kid with an ant farm, lady". Não sei, não sei. Só sei que dormi no ônibus bem na hora em que tava pensando no quanto queria ter um carro, usar aquelas roupas chiques e saltos imensos da Miranda Priestly e fazer cara de "você sabe com quem está falando?" ao invés de soltar o manjado "tá me tirano?" que é o que uso hoje junto com a minha blusinha desbotada do snoopy e meu all-star furado. Tô apostando que é minha nova carreira que vai me dar tudo isso, então não perca o próximo capítulo.
 
Quanto a você, é mais complicado. Porque não te conheço, lembra? E embora eu saiba, eu lembre exatamente como é sentir isso que você tá sentindo, essa pressão no peito, essa vontade de chorar que expande a gente de dentro pra fora porque foi engolida na marra, não sei como você deveria reagir a tudo isso. Porque te disse no fim do ano um monte de coisas que vi serem desmentidas um mês, dois meses depois. E a gente segue, e tenta não olhar, meio como se tivesse uma casca de feijão no dente ou uma bolinha de cobertor no cabelo uma da outra e nada fosse dito pra não magoar. Mas a verdade é que magoei. E fui magoada também.
 
Então pensei muito no que te dizer. Sobre seu momento atual, sobre a lista de assuntos censurados que existe entre nós (sem que eu saiba ao menos qual o primeiro item dessa lista, nem se ele é seu ou meu), sobre seu requiem e toda a carga de energia negativa que dizem que paira sobre você cada vez que fala comigo, sem que isso te impeça de rir das minhas escatologias e tolices. E a gente só pensa muito em, e escreve para ou sobre quem a gente gosta.
 
Foi por isso que eu tive que parar de ler o que tava lendo, parar de falar sozinha, parar de fuçar a vida alheia nos sites de relacionamento pra escrever pra você. E transcrever o seguinte trecho de um post do blog "Já matei por menos":
"Atualmente, o emprego que eu mais invejo é o do Professor César, como a gente chama o treinador do Palito aqui em casa. Ele trabalha em uma creche de cachorros. Brinca, treina e rola com cerca de trinta cachorros por dia. Não faço a menor ideia do quanto ele ganha nem do tipo de reação que a profissão dele causa em mães, namoradas e ex-colegas do ensino médio, mas qualquer pessoa que diga que o Professor César está desperdiçando seu potencial ganha inimigos por aqui."
Mesmo não te conhecendo como você disse, sei que essa é a sua profissão dos sonhos. Mesmo que você ache que é uma estranha pra mim, quase consigo sentir sua alegria visitando a terra dos beagles. Mesmo quando você é fria e sarcástica, me acusando de não te entender, ninguém no mundo me tira da cabeça que eu sou a pessoa que mais te entende. E ainda que eu não acorde, e que não responda, e que não conheça; que não sirva mais, que não signifique nada, que não faça falta; ainda assim eu penso. E escrevo para e sobre. E gosto.


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