segunda-feira, 2 de maio de 2011

Justice has been done (?)

Pra pergunta "O que você estava fazendo no dia 11 de setembro de 2001, na hora dos ataques às torres gêmeas de Nova York?", todo mundo tem resposta. Foi o tipo de acontecimento que a gente nunca vai esquecer. Confesso que fui pessimista-catastrofista-paranóica-loca-loca-loca e disse que ia culminar numa 3ª Guerra Mundial, "Vamos todos morrer!!!" e aquela coisa toda. Sim, resultou em guerra: os EUA invadiram o Afeganistão, invadiram o Iraque, depuseram, prenderam, julgaram, condenaram e executaram o Saddam Hussein...Mas o cara por trás dos ataques, o terrorista que se tornou mundialmente conhecido por ter tido cojones de atacar o país do "exército mais poderoso do mundo", de ter iniciado essa guerra mas em solo norte-americano, escapou. Osama bin Laden, bem como as armas de destruição em massa que o presidente norte-americano à época, George W. Bush, acusou Saddam Hussein de armazenar, nunca foram encontrados. Pois bem, as armas do Saddam  ninguém sabe, ninguém viu. Mas hoje, quase 10 anos depois daquela manhã de 11 de setembro de 2001 que ninguém nunca vai esquecer, o atual presidente norte-americano, Barack Obama, fez o seguinte discurso:


Sim, my people: Osama bin Laden está morto. E eu tava na minha, curtindo meu fim de domingo perdendo tempo no Facebook, falando de futebol no MSN e ouvindo música quando soube. Depois foi uma chuva de tweets, muuuitas piadinhas à respeito, notícias desencontradas, traduções sofríveis...Mas ficou a certeza de que, tal como o 11 de setembro de 2001, a data de hoje também entra pra história. E não porque com o fim do Osama, a tal "Guerra contra o terror" também já era. Mas porque a morte do Osama anunciada dessa forma pelo presidente Barack Obama, em quem os americanos depositam tanta esperança e confiança, vem reforçar o patriotismo, dar uma revigorada na autoestima, tirar o pó do orgulho que o povo americano tem do seu way of life. Obama relembra o 11 de setembro, fala da guerra contra a Al-Qaeda, da fuga de bin Laden, dos anos de caça malsucedida, até a pista e os meses subsequentes de investigação que o levaram a autorizar uma missão de captura em solo paquistanês. Obama reafirma que a guerra à qual os EUA se lançaram após o 11/9 foi contra a Al-Qaeda e não contra o Islã, e que essa guerra ainda não acabou. Mas o presidente americano fala também de determinação, reforça o "Yes, we can" da sua campanha, fala pro povo americano que é a união e a certeza, a crença de que conseguirão atingir todos os objetivos aos quais se propõem que os fazem ser quem são. "America can do whatever we set our mind to. That’s the story of our history", ele diz. Obama chega até a se atrapalhar com algumas palavras no começo do discurso, tamanha a emoção de quem sabe que tá dando pro mundo uma notícia importante, a emoção de quem tá dando ao SEU povo, aos seus eleitores, a notícia da morte de alguém que lhes inflingiu tanta dor e medo, de uma forma até então desconhecida por eles. E termina dizendo: "Let us remember that we can do these things not just because of wealth or power, but because of who we are: one nation under God, indivisible, with liberty and justice for all" ("Lembremo-nos que podemos fazer tais coisas não por causa de riqueza ou poder, mas por causa de quem somos: uma nação sob Deus, indivisível, com liberdade e justiça para todos"). Mais patriota e "fuck yeah" impossível. Resta saber se, assim como afirmou Obama, a justiça foi realmente feita. Que bin Laden era um assassino em massa, não há dúvida. Mas as circunstâncias reais sob as quais ele foi localizado e morto, talvez nunca saibamos. E como os americanos gostam de dizer, "the devil is in the details".

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