sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Advogados/adêvogados & estagiários

Perto de completar 48h sem dormir, a cabeça parece que vai explodir, e eu tentando estudar Direito Processual Civil pra prova da Defensoria domingo.

Hoje na faculdade, um amigo me disse que às vezes se sente como se não soubesse nada. "Sei como é, acredite". Porque sei mesmo. Repassando a matéria agora à noite (era noite quando eu tava repassando), passei por um monte de tópicos que, na boa?, nem lembrava que já tinham sido tratados em sala de aula. "Lembrava" é modo de falar, já que falto demais e, certamente, esse é o motivo pelo qual não lembro.

Só sei que coisas que já deveria ter aprendido e coisas que ainda não aprendi vão ter que entrar na minha cabeça até as 9h do domingo. Quero muito esse estágio na Defensoria.

De resto, same old, same old. Pessoas me decepcionam, brigo, excluo contatos e vida que segue. Minha lista de profiles bloqueados no Facebook só cresce. Me candidatei à uma vaga de estágio pelo CIEE. A vaga dizia que o escritório fica em Mogi, mas quando liguei, soube que fica em Ferraz de Vasconcelos. De início, achei uma boa: bolsa-auxilio ok, razoavelmente perto de casa...Mas quando liguei, o pouco caso de quem me atendeu me desmotivou. Foi meio "Cetesb" all over again. Eu ia lá só pra brigar com a tal mulher, mas tô com preguiça das pessoas. Prefiro estudar Processo Civil.

Aliás, isso é algo que me incomoda já faz um tempo: esse lance de profissional tratar estagiário como débil mental, irresponsável, palerma. Como se estivesse te fazendo um favor ao te dar o trampo. E infelizmente, isso se vê em tudo o que é área, não é só no Direito. Eu, balzaca, segunda graduação, já trampei em tudo o que é canto, já passei por um monte de coisa...Mas tem limite. Você vê uma vaga bacana, vai se candidatar, mas é só pra "estudantes de faculdades de 1ª linha", ou seja, PUC, Mack, USP. E quando topam te receber, é esse tratamento escroto de quem tá falando com adolescente filhinho de papai inconsequente que só quer a grana do estágio pra torrar nas baladinhas.

Deve ter estagiário assim, não duvido. Mas não dá pra generalizar. Tava lendo uma matéria sobre juventude e o mercado de trabalho, da CartaCapital, ou "Carta na Escola" (nem sabia dessa "Carta na Escola"). Um pesquisador saiu entrevistando jovens pra tese de Doutorado dele, pra saber qual o resultado desse lance de investir nos estudos pra ter trampos bons. Balela. Não tem mais aquela coisa de "estudar pra ser alguém na vida". Eis a conclusão do pesquisador José Humberto da Silva: “Não quero, com a pesquisa, inferir que a educação não seja um diferencial para inserção profissional. É muito importante sim. Porém, mais do que um problema de qualificação, o desemprego é um problema político e econômico". Claro, estudar é importante, conhecimento nunca é demais. Lindo. Mas só estudar não te garante o trampo dos sonhos.

E aí a matéria acaba com o que eu tava falando:
"Silva acredita que o pensamento que estabelece uma relação direta entre escolarização e ascensão profissional coloca sobre o jovem toda a responsabilidade do desemprego. 'Nos últimos anos o número de jovens cursando o Ensino Superior cresceu significativamente, mas outras formas de exclusão apareceram. Se antes o jovem era rejeitado porque não tinha Ensino Superior, hoje é porque o cursa em uma faculdade considerada ‘menor’, menos qualificada', aponta." (grifo meu)
Por isso que você vai, se candidata à vaga, e é tratado(a) feito otário(a). Não me troco por 10 PUCânus ou 10 Wackenzistas, e continuo acreditando no meu discurso de que não é a faculdade que faz você, e sim o contrário. Fulano pode estudar na PUC e ser um boçal, enquanto outro pode estudar numa faculdade "menos qualificada" e ser brilhante. Mas é foda passar por situações desse tipo, e vai ficando mais foda a medida que você sai arrumando briga por aí, como eu arrumei com a Fundap por causa do modo como fui tratada na Cetesb quando tentei estagiar lá (mas falo disso aqui outro dia).

Comecei a tocar nesse assunto, que também era pra ser abordado noutra ocasião, porque uma amiga estagiária me procurou PUTA logo cedo. Começamos no chat do Facebook e terminamos no WeChat (que ela me fez instalar no meu tablet só pra continuar a conversa-desabafo). E a reclamação era justamente nesse sentido: profissional que encara  estagiário como mongolóide. A advogada (ou adêvogada, como meu professor de Direito Processual Civil gosta de chamar advogados sem noção) começou a tirar sarro da cara dela por causa de uma informação errada num andamento processual. Detalhe: quem passou o nº errado do processo, pra começo de conversa, foi a própria adêvogada. Mas isso, claaaaaro, ela omitiu pra ficar mais daora rir da cara do estagiário trouxa que ganha uma miséria e se fode pra fazer o trampo direito.

É como se a pessoa, depois de formada, esquecesse que passou pelas mesmas coisas. Ela virou adêvogada e pronto: não comete mais erros. É tudo culpa do estagiotário. Escrota demais. O que nos consola (pouco) é tirar sarro deles pelas costas quando eles cometem erros grosseiros. Ah, se eles soubessem o que a gente fala deles...Impera a máxima do "a gente ganha pouco mas se diverte". Acho digno.

Advogados e adêvogados são uma espécie peculiar, diga-se. Outro dia, pesquisando sobre o porquê de advogado ter título de doutor sem doutorado, fui parar num fórum de discussão de juristas. Eles discutiam justamente o uso do título. Cara, tem que ver o nível da treta, fiquei pasma. "Com a devida vênia, caro causídico..." e coisas do tipo. A discussão tomou proporções absurdas, em se tratando de um tema tão...bobo. Afinal, você não vai ser menos jurista, não vai manjar menos de Direito se não te chamarem de "dotô". Esse artigo da Eliane Brum trata do assunto e explica porque advogado, mesmo quando é adêvogado, é chamado de doutor, além do motivo pelo qual ela, e muita gente por aí, se recusa a chamá-los assim. Mas esse era outro assunto pra ser tratado aqui quando eu estivesse menos chata.

Só sei que nada sei tenho tentado evitar não só decepções, mas também polêmicas. Tédio, tédio. Certos assuntos, certas pessoas simplesmente não valem a pena. Prefiro, sei lá, ler minhas besteiras, escrever minhas besteiras, estudar (pouco) e ouvir música. Hoje, por exemplo, tô com essa na cabeça. Tocou na minha volta pra casa ontem (já duas noites que cochilo bem no meu trecho favorito das luzes de grande-coisa-Jundiapeba, damn!) e gosto muito dela. Eu parecia a gordinha do clipe quando era criança, e costumavam rir de mim também. Ainda riem. Estagiária, né...


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