segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Uma arte

"A arte de perder não tarda aprender;
tantas coisas parecem feitas com o molde
da perda que o perdê-las não traz desastre.

Perca algo a cada dia. Aceita o susto
de perder chaves, e a hora passada embalde.
A arte de perder não tarda aprender.

Pratica perder mais rápido mil coisas mais:
lugares, nomes, onde pensaste de férias
ir. Nenhuma perda trará desastre.

Perdi o relógio de minha mãe. A última,
ou a penúltima, de minhas casas queridas
foi-se. Não tarda aprender, a arte de perder.

Perdi duas cidades, eram deliciosas. E,
pior, alguns reinos que tive, dois rios, um
continente. Sinto sua falta, nenhum desastre.

- Mesmo perder-te a ti (a voz que ria, um ente
amado), mentir não posso. É evidente:
a arte de perder muito não tarda aprender,
embora a perda - escreva tudo! - lembre desastre.
"
                   Elizabeth Bishop           

Uma amiga compartilhou no Facebook, e depois vi o Fabrício Carpinejar recitando esse poema na fanpage dele. Fui atrás de saber mais sobre a Elizabeth e achei essa matéria da Piauí sobre ela. Fiquei sabendo também sobre um filme do Bruno Barreto, o "Flores Raras", contando um pouco da história de Bishop, que morou durante um tempo aqui no Brasil. Falo mais a respeito quando assistir.



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